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Tudo o que tivemos (filme)
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Tudo o que Tivemos

Avaliação:
9/10

9/10

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Crítica | Ficha técnica

Os sólidos personagens do drama Tudo o que Tivemos levarão você às lágrimas.

Filme de estreia da diretora e roteirista Elizabeth Chomko, Tudo o que Tivemos reúne um elenco excepcional para contar o drama de uma família que não é disfuncional, mas que enfrenta problemas como qualquer outra. A crise maior que conduz a estória é o avanço dos sintomas do Alzheimer em Ruth (Blythe Danner). Na sequência inicial, esse momento é descrito através de vídeos caseiros e fotos antigas, com pouca qualidade, e a imagem dessa senhora de idade refletida no espelho enquanto sua imagem real está desfocada. Já com a memória falha, ela sai de casa sozinha, numa noite gelada em Chicago, e enquanto ela caminha pela rua, cada vez mais distante, a vemos desparecer subitamente.

Sumiço de Ruth

É véspera de Natal, e a família se reúne não pelas festividades, mas pelo sumiço de Ruth. Seu marido Burt (Robert Forster) chama Nick (Michael Shannon), o filho solteiro que mora na cidade. Chegam também a filha Bridget (Hilary Swank) e a neta Emma (Taissa Farmiga), que vivem em Los Angeles. Ruth é encontrada, mas o acontecimento aumenta ainda mais a certeza que Nick tem de que devem colocá-la em um asilo. Apesar de requisitar a ajuda da irmã Bridget para juntos convencerem o pai sobre essa opção, ela não tem forças para isso. Assim, vêm à tona os dramas de cada membro da família.

Bridget está infeliz com seu casamento, pois acredita que se casou jovem demais não por vontade própria, mas porque o pai assim quis. Ela e a filha não se entendem e não conversam sobre o motivo de Emma não se interessar pela faculdade. Burt rejeita colocar Ruth no asilo porque sofreria demais vivendo sozinho, mas isso afeta diretamente Nick, que não pode levar adiante sua vida, já que precisa cuidar dos pais.

Os momentos mais tensos nesses relacionamentos são filmados com a câmera na mão, em contrastes com outros mais tranquilos captados com a câmera fixa. Semanticamente, a câmera fixa guarda artificialidade, o olhar humano não se mantém imóvel na vida real, e se aproxima mais dos movimentos da câmera na mão. Dessa forma, é um fiel retrato de uma vida familiar normal, onde a calmaria dos sentimentos contidos é menos sincera do que as discussões acaloradas.

Elenco e direção

O elenco todo está excepcional, destacando-se Blythe Danner como Ruth, no difícil desafio de retratar a ausência de quem sofre de Alzheimer. E a veterana atriz consegue isso sem nunca cair no caricato. Há dois momentos extremamente tocantes em que a personagem demonstra raros lampejos de consciência.

O principal deles é quando ela pede desculpas, pois se sente causadora de estorvos para a família. É difícil conter as lágrimas. Hilary Swank protagoniza outro pico emocional, quando ela para a corrida diária nas ruas de Los Angeles para desabar em prantos – assim como a corrida diária, ela tem tocado a vida sem parar para uma reflexão profunda. Sem que ela precise expressar os motivos, o espectador a compreende e sente empatia por ela, chorando junto com Bridget. Ruth diz no final que tudo acontece na hora certa, e toda essa carga emocional chega no filme quando o público já conhece muito bem os protagonistas. É por isso que o filme funciona tão bem.

Elizabeth Chomko arrisca desviar do realismo dramático apresentado durante o filme para conduzir o espectador a uma conclusão precipitada, reservando a surpresa para o momento seguinte. Esse segmento permite até uma interpretação fantástica, entendendo que Burt já não estava lá quando ele telefonou para o filho. Provavelmente, poucos espectadores seguirão essa linha, mas não será possível deixar de lado a simbologia do peru que surge na frente de Bridget, já que “peru” era a forma como o casal se tratava carinhosamente.

Vale muito a pena descobrir esse pequeno filme, um drama que emociona com sua abordagem realista e tão próxima a todos nós. É um dos melhores do gênero nos últimos anos.

 

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