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Um Lugar Bem Longe Daqui
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Um Lugar Bem Longe Daqui

Avaliação:
6/10

6/10

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Crítica | Ficha técnica

Um Lugar Bem Longe Daqui (Where the Crawdads Sing) não se decide entre ser um drama bucólico ou um suspense de mistério. Funciona melhor na primeira chave, mas tropeça no segundo, com inconsistências que não sustentam a solução do suposto crime em investigação.

Rodado em locações nos pântanos do Louisiana, no sul dos Estados Unidos, Um Lugar Bem Longe Daqui enche as telas com essa bela, mas estranha paisagem. As águas predominam no local, e as pessoas usam barcos para se locomoverem. A jovem protagonista Kya (Daisy Edgar-Jones) vive sozinha num lugar bem isolado, “onde os lagostins cantam”, como diz o título original. Seu pai era agressivo, por isso, todos da sua família fugiram, começando pela mãe (Ahna O’Reilly). Após a morte do pai, ela permaneceu na casa, vivendo solitariamente e longe das pessoas. Apesar de os moradores da cidade a considerarem um bicho-do-mato (a Marsh Girl, a garota do brejo), ela se envolve romanticamente com um rapaz, Tate (Taylor John Smith), que costumava pescar perto de sua casa quando criança. Mas o namoro acabará numa enorme decepção. Cinco anos depois, outro jovem, Chase (Harris Dickinson), se aproxima dela. Novamente, ela se decepciona e a misteriosa morte desse rapaz no pântano a coloca como suspeita de tê-lo matado.

O mistério

É essa linha investigativa que carrega a trama. Parte da descoberta do corpo de Chase e chega aos tribunais. Enquanto isso, vemos em flashbacks a história de Kya, que possui elementos suficientes para rechear um comovente melodrama, como vimos acima. Porém, o filme investe também nesse mistério da morte de Chase. De cara, parece injusta a suspeita sobre Kya. A atriz inglesa Daisy Edgar-Jones, das séries Normal People (2020) e War of the Worlds (2019-2021), possui naturalmente uma persona de gente boa, e sua caracterização no filme não faz nada para mudar isso. Seria mais interessante que ela tivesse, pelo menos, um aspecto mais rústico, por ter crescido sozinha no pântano. Com isso, ficaria mais evidente que as pessoas, por preconceito, jogassem as suspeitas sobre ela.

E, conforme o julgamento avança, em paralelo com o flashback, cresce a impressão de que não há provas, nem mesmo indícios, de sua culpabilidade. Até um álibi ela tinha! A trama, então, começa a apresentar inconsistências. Afinal, por que ninguém suspeita do ex-namorado Tate, que até entra numa briga corporal com a vítima com outras pessoas presentes? Por fim, o resultado do julgamento é o esperado, mas a surpresa na última cena desestabiliza o enredo, pois não explica como Chase morreu – aliás, uma questão que o filme devia ter solucionado antes, não?

Os criadores

Um Lugar Bem Longe Daqui adapta o best seller da autora Delia Owens lançado em 2018, seu único livro de ficção, e que traz pontos autobiográficos. O longa é o segundo que Olivia Newman dirige – o primeiro foi Minha Primeira Luta (First Match, 2018), um drama sobre uma lutadora de wrestling do Brooklyn. Já o roteiro de Lucy Alibar é o seu terceiro, tendo escrito antes dois filmes infantis. Enfim, o livro foi um sucesso, a direção é competente, com destaque para as belas imagens em locações. Sobra para Lucy Alibar a responsabilidade de não extrair uma adaptação adequada da obra literária original, especificamente nos pontos relacionados ao mistério da morte do rapaz. Ainda assim, o filme agrada por apresentar uma personagem feminina forte, que se levanta após várias quedas, e faz de tudo para sobreviver.


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