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Uma Página de Loucura (1926)
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Uma Página de Loucura

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

Uma Página de Loucura representa para o cinema um marco histórico comparável a O Nascimento de uma Nação (1915), O Cabinete do Dr. Caligari (1920) e O Encouraçado Pontenkim (1925).

O filme do japonês Teinosuke Kinugasa, um diretor já experiente na época e que viria a completar 124 filmes até 1966, é tecnicamente revolucionário. Tal qual Cidadão Kane (1941), constitui uma enciclopédia das técnicas cinematográficas utilizadas até a época de sua produção. A montagem paralela de Griffith, a associação de planos com finalidade de associar ideias criada por Eisenstein, elementos do expressionismo alemão (uso da arquitetura e da geometria, planos inclinados) e efeitos experimentais (como um círculo de luzes) são ferramentas essenciais que Kinugasa utiliza para contar a estória sem o tradicional uso de cartelas que explicam a trama e traduzem os diálogos no cinema mudo, um pioneirismo iniciado em 1924 por F. W. Murnau em A Última Gargalhada. Há ainda ousadias como cortes rápidos com planos curtíssimos e o uso do chicote (movimento em pan lateral) para transição entre planos.

Construindo o manicômio

O expressionismo e o experimentalismo fornecem subsídios principalmente para construir o ambiente onde se passa a estória, um manicômio, com sequências que remetem à loucura e às alucinações dos pacientes ali confinados. Para esse local foi levada a esposa do protagonista do filme, que começa a trabalhar lá para cuidar dela e tentar libertá-la.

Conhecer esse esqueleto da trama é necessário para compreender sua estória, já que as associações das ideias não são tão óbvias e a sucessão de sequências podem parecer desconexas. Por isso, em seu lançamento, poucos apreciaram essa obra, que, ainda por cima, teve distribuição restrita porque Uma Página de Loucura foi o primeiro filme independente feito no Japão, pela produtora de Kinugasa.

Acreditava-se que os rolos de Uma Página de Loucura tinham sido destruídos num incêndio nos estúdios em 1930, mas em 1971 o próprio diretor encontrou os negativos do filme guardados em um tonel de arroz. Os cinéfilos devem, então, valorizar a sorte de poder assistir hoje a essa obra revolucionária, e dedicar a ela uma análise reverencial como um dos marcos da sétima arte.

 

Uma Página de Loucura (1926)
Uma Página de Loucura (1926)
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