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Vermelho, Branco e Sangue Azul (filme)
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Vermelho, Branco e Sangue Azul | Por Sérgio Alpendre

Avaliação:
5/10

5/10

Crítica | Ficha técnica

Certos gêneros cinematográficos possuem algum tipo de segredo para chegar a nossos corações. Eles falam conosco mesmo que seus personagens tenham vidas bem diferentes das nossas. Bem, o princípio básico da recepção de uma obra narrativa é nos colocarmos nos lugares dos personagens, por mais distantes que sejam. Isso faz com que um homem jovem possa se sentir na pele de uma mulher idosa, uma mulher trans possa sentir empatia por um hétero de 40 anos, e por aí vai, desde que, obviamente, essa pessoa seja mesmo digna de nossa simpatia, ou seja, que tenha no mínimo um coração bom, que permita que torçamos por ela.

Assim é a comédia romântica. Todo mundo ama ou amou alguém, logo, se o assunto é amor, todos podem ficar tocados. O gênero é tão charmoso que mesmo alguns filmes sendo claramente fracos em nosso julgamento, não deixam de ser agradáveis ao nosso olhar, ao menos em alguma medida. Quantas vezes não nos surpreendemos revendo um filmeco qualquer quando nos deparamos com ele em algum canal de televisão (claro, no caso de quem vê televisão)? A comédia romântica pode nos fascinar, ao menos parcialmente, mesmo quando é ruim.

Vermelho, Branco e Sangue Azul

É o que acontece com a nova comédia original da Amazon, Vermelho, Branco e Sangue Azul (Red, White & Royal Blue, 2023), de Matthew López. Temos, em toda a sua duração, amontoados de clichês e desenvolvimentos previsíveis de um relacionamento amoroso, das pessoas próximas de quem se relaciona e das implicações nas carreiras dos apaixonados. Mudam as carreiras, mudam as pessoas, mudam as implicações, mas elas tendem a surgir sempre nos mesmos momentos da trama, causando o mesmo efeito de suspensão que irá pedir uma reconciliação, ou a concessão de uma ou de ambas as partes, do mesmo jeito que a relação inicial entre as pessoas que se amam é geralmente de repulsa.

Temos então Alex Claremont-Diaz (Taylor Zakhar Perez), filho da presidenta dos EUA (Uma Thurman). Ele ajuda a mãe na reta final para a campanha de reeleição. Para isso, precisa manter relações próximas com membros da coroa britânica, pois há um negócio em andamento entre os dois países que será crucial para a reeleição.

Acontece que o príncipe Henry (Nicholas Galitzine) e Alex não se bicam desde que o primeiro esnobou o segundo num encontro oficial anos atrás. Obrigados a se mostrarem amigos para o bem do acordo internacional (motivo meio besta, mas vá lá…) eles acabam se encontrando repetidamente e se apaixonando um pelo outro, conforme percebem ter muito mais em comum do que o contrário.

O que realmente tem graça

Como o espectador hoje é mais conservador que o de trinta ou quarenta anos atrás, as cenas de sexo entre os dois jovens atores, sem qualquer cena de nudez, provocaram barulho nas redes sociais. Também pesou o fato de os amantes serem tão próximos do poder, o que os aprisiona pelos costumes e pela fleuma. Não são apenas homens se pegando, são homens muito poderosos se pegando, por mais que sejam personagens fictícios. Babado certo nas redes. Pouca coisa realmente interessante na condução do filme.

Alguns detalhes, contudo, trazem certa graça:

a) O filme se deixa levar por uma ideia fantasiosa de aprovação da diversidade sexual em níveis bem mais elevados do que encontramos na vida real. Numa comédia romântica, gênero em que temos geralmente uma visão de mundo mais positiva, esta ideia não se torna perniciosa, pelo contrário.

b) O rei britânico é interpretado por Stephen Fry, homossexual assumido que já interpretou Oscar Wilde no cinema. Em alguns momentos, podemos até ver Fry com sorrisos meio disfarçados, claramente aprovando o romance, embora tenha que oficialmente desaprovar.

c) Por fim, o amor entre os jovens é bonito porque os atores se entregam e nos convencem desse amor. Por mais que alguns diálogos sejam tolos, há um bom discurso de Alex, já próximo ao final, e algumas boas tiradas do príncipe Henry, que permitem entrever jovens inteligentes e amáveis.

Texto escrito pelo crítico e professor de cinema Sérgio Alpendre, especialmente para o Leitura Fílmica.

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Ficha técnica:

Vermelho, Branco e Sangue Azul | Red, White & Royal Blue | 2023 | 118 min. | EUA | Direção: Matthew López | Roteiro: Matthew López, Ted Malawer | Elenco: Taylor Zakhar Perez, Nicholas Galitzine, Uma Thurman, Jemma Redgrave, Thomas Flynn, Bridget Benstead, Ellie Bamber, Rachel Hilson, Michael Ayala-Cole, Sarah Shahi.

Distribuição: Prime Video.

Onde assistir:
Vermelho, Branco e Sangue Azul (filme)
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