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Wonka (poster do filme)
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Wonka | Por Sérgio Alpendre

Avaliação:
6/10

6/10

Crítica | Ficha técnica

É muito fácil encontrar limitações e até bobagens em Wonka, longa dirigido por Paul King, dos simpáticos Paddington (2014-2017), com base nos personagens de Roald Dahl. Para começar, podemos comparar, o que geralmente não é vantajoso, o modo como se faz um filme para toda a família hoje e no passado (ou nos passados).

Tanto a versão de A Fantástica Fábrica de Chocolate do competente Mel Stuart, de 1971, como a de Tim Burton, de 2005, revelam um olhar mais malicioso e ambíguo, acreditando que as crianças da época fossem capazes de não se distrair. A de Burton, inclusive, recuperou-o de uma má fase.

Hoje, tem de haver estímulos visuais para todos os lados, para que adultos e crianças consigam resistir por duas horas à ideia de pegar os malditos celulares. E o pior é que não dá certo. Duvido que, nos cinemas pelo mundo, pessoas tenham deixado de consultar seus celulares.

Também a escalação dos atores na pele de Willy Wonka indica uma preocupação em não ferir sensibilidades. Nada do cinismo de um Gene Wilder, nem do mais suavizado Johnny Depp, que entretanto denotava algum perigo em suas expressões faciais. O inofensivo Timothée Chalamet (já apelidado de Chatomet por alguns detratores) não perturba ninguém, desde que deixem os pêssegos longe dele.

Mesmo que percebamos todos esses problemas, ou diferenças, o novo filme é agradável de se ver. Tem alguns números musicais simpáticos, ainda que as músicas em si não sejam marcantes. As cores feitas para estimular plateias dispersas funcionam porque são bem escolhidas, bem equilibradas dentro de um limite do exagero que é compreensível dado o tema do filme: afinal, é uma fantástica fábrica de chocolate o que Willy Wonka deseja construir.

Se os vilões são de almanaque, dando à trama um aspecto de desenho animado juvenil, temos também um desenvolvimento inteligente de algumas situações e uma montagem cheia de sacadas, o que ajuda no prazer de assistir ao filme. Um Dahl de sapatênis, mas bem filmado.

E já que comparei as versões, é didático também observar as diferenças entre o que se pode esperar de um filme desse tipo em 1971, 2005 ou 2024, principalmente por causa da infantilização crescente do público, fenômeno notado desde os anos 1950.

Descontando tudo isso, se conseguirmos deixar as comparações de lado, ou apenas no terreno da análise a posteriori, Wonka proporciona uma agradável e descompromissada sessão de qualquer tarde.

Texto escrito pelo crítico e professor de cinema Sérgio Alpendre, especialmente para o Leitura Fílmica.

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Ficha técnica:

Wonka | 2023 | 116 min | EUA, Reino Unido, Canadá | Direção: Paul King | Roteiro: Simon Farnaby, Paul King | Elenco: Timothée Chalamet, Olivia Colman, Hugh Grant, Sally Hawkins, Paterson Joseph, Keegan-Michael Key, Rowan Atkinson, Simon Farnaby.

Distribuição: Warner.

Assista ao trailer aqui.

Onde assistir:
Wonka (cena do filme)
Wonka (cena do filme)
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