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Yella (filme)
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Yella

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

Em Yella, a visão pessimista de Christian Petzold sobre o caráter humano não perdoa nem a protagonista agredida pelo marido. O filme parece um conto de fadas às avessas.

A trama

Vítima de violência doméstica, Yella tem a esperança de que sua vida melhorará ao se mudar de sua pequena cidade para Hamburgo, onde iniciará em um novo emprego. No entanto, a oportunidade não dá certo e seu ex-marido insiste em perseguí-la. Então, surge um inesperado caminho para seu crescimento profissional e um novo relacionamento.

Descrença na humanidade

Os filmes do diretor alemão Christian Petzold carregam um pessimismo profundo, movido pela total descrença na humanidade. Basta assistir a Jericó (2008) e A Segurança Interna (2000), entre outros, para comprovar isso. Aliás, esse último faz parte de sua trilogia “Gespenster” (fantasmas, em alemão), na qual se incluem este Yella e o filme Fantasmas (2005).

E Yella reforça essa abordagem de Petzold. Nenhum dos personagens, principais ou secundários, presta, com exceção, talvez, do pai da protagonista. Mas, este pouco aparece no filme.

Personagens

Ben, o ex-marido, representa esse protótipo do ser desprezível com maior obviedade. Afinal, ele descarrega todo o seu fracasso profissional agredindo sua esposa Yella. Além disso, emocionalmente descontrolado, ele ainda a persegue como um stalker.

Já Philipp, o avaliador de empresas que contrata Yella e depois se torna seu namorado, também não é flor que se cheire. Seus altos ganhos resultam de fraudes e, para piorar, ele mostra que também perde a calma facilmente, ao gritar com Yella.

Por fim, a protagonista não é apenas a vítima de violência doméstica. Esta é apenas uma de suas facetas. O filme logo a coloca numa tentativa de se apropriar de um dinheiro que não lhe pertence. Ademais, Yella mostra que sua ganância não tem limites, e o uso impiedoso de um privilégio pode levar uma pessoa ao suicídio.

Desfecho (spoilers adiante)

O final do filme revela uma surpreendente virada na trama. Até então, a história acompanha os eventos que se sucedem à sobrevivência de Yella ao acidente provocado pelo seu ex-marido. Dessa forma, revela o que ela faria em sua vida após escapar da morte. Mas, ao contrário dos clássicos de Frank Capra, o enredo revela o quanto ela é desprezível. De fato, seus atos prejudicam as pessoas ao seu redor.

Portanto, quando o filme revela que ela morreu no acidente, o espectador, ao invés de sentir pena dela, se sente estranhamente aliviado. À parte a sensação mista da ilusão de ter acompanhado fatos “fantasmas”, que não aconteceram, paira esse conforto. Afinal, o mundo ganha com a ausência dessa pessoa que mostraria ter um terrível mau caráter.

Elenco

Nina Hoss, atriz habitual do diretor Petzold, se destaca no elenco no papel da protagonista Yella. Desta vez, seu cabelo está castanho, e não loiro, o que adequa o seu visual com a da especialista em contabilidade implacável nas reuniões de trabalho.

Além dos filmes com Petzold, Nina Hoss é a atração dos recentes Sangue de Pelicano (2019) e Minha Irmã (2020). Aliás, o papel de Yella lhe garantiu premiações, como a de melhor atriz no Festival de Berlin.

Como curiosidade, o nome Yella veio da personagem principal de Alice nas Cidades (1974), de Wim Wenders.

Enfim, trata-se de mais um filme impiedoso de Petzold, que provoca um inevitável mal-estar por sua visão cética.


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