Pesquisar
Close this search box.
Poster do filme "Zé"
[seo_header]
[seo_footer]

Avaliação:
6/10

6/10

Crítica | Ficha técnica

O longa , de Rafael Conde, engrossa a safra de lançamentos recentes que têm como tema a ditadura militar no Brasil, notadamente Entrelinhas, de Guto Pasko, e O Mensageiro, de Lúcia Murat. Cada um com sua particularidade. O filme desta crítica se interessa em mostrar o drama dos perseguidos políticos que viveram na clandestinidade para não serem presos.

No caso, inspirado pela história verídica de José Carlos Novais da Mata Machado, contada no livro de Samarone Lima. Mas, até pela escolha do título do filme, com intenção de abarcar todos os “zés” que foram perseguidos, presos e torturados durante esse triste período.

O protagonista Zé, vivido por Caio Horowicz, foi líder de um movimento estudantil contra a ditadura. Preso várias vezes, decide recorrer à clandestinidade. Muda-se com sua esposa Bete (Eduarda Fernandes) e dois filhos (um só dela e o outro do casal) para o Nordeste. De origem burguesa, Zé passa fome, sofrendo como sofre o povo.

A intenção do filme parece ser mostrar o cotidiano da clandestinidade, marcado pela paranoia e pela miséria. Em quem confiar é uma questão crucial, e o enredo comprova isso colocando o espectador como cúmplice do delator – à frente, portanto, dos protagonistas. Quando o delator está gravando alguma conversa às escondidas, as vozes estão com o efeito de uma gravação em fita. Além de mostrar o protagonista, a angústia dos pais de Zé, essencial para acrescentar mais emoção ao relato, ganha importante espaço no longa.

A forma

Porém, a forma escolhida para levar essa história para as telas não potencializa a emoção desses fatos. O filme se prende demasiadamente às palavras. Caio Horowicz declama o conteúdo das cartas que seu personagem escreve para os pais, olhando diretamente para a câmera, afastando o espectador para fora da trama. Similar efeito causam as inserções de textos literários durante alguns diálogos, e também outros que deveriam soar mais naturais, mas parecem empostadas, assim colocadas como argumentos para justificar a luta contra a ditadura.

Há também visíveis problemas de montagem, como na sequência em que Zé conversa com um companheiro e no plano imediatamente seguinte esse personagem é pego pelos agentes da ditadura. Ou quando, ao evitar o tradicional plano/contraplano, o filme se mantém por um longo tempo somente no contraplano, na reação de Zé ouvindo a amiga Grauninha (Samantha Jones). Depois, corta para outro plano de Zé, mantendo a câmera na mesma posição, o que provoca um provavelmente não desejado jump-cut.

Mas o que predomina são as cenas filmadas com um só plano, mantendo a câmera fixa, enquanto os personagens conversam. Dessa forma, reforçando que a palavra aqui tem preferência sobre a imagem, apesar de essa ser uma obra cinematográfica. Talvez uma intenção previamente planejada, para que as ideias dos ativistas ganhem prioridade absoluta, ou talvez, aí sim privilegiando o cinema, para criar a sensação de restrição, de falta de liberdade, motivo mor da luta dos opositores da ditadura.

___________________________________________

Ficha técnica:

| 2023 | Brasil | Direção: Rafael Conde | Roteiro: Anna Flávia Dias, Rafael Conde | Elenco; Caio Horowicz, Eduarda Fernandes, Samantha Jones, Rafael Protzner, Yara de Novaes, Gustavo Werneck, Alexandre Cioletti, Richard Paes, Henrico Kneip, Miguel Dias, Ravi Oter.

Distribuição: Embaúba Filmes.

Trailer:

Trailer do filme “Zé”
Onde assistir:
Cena do filme "Zé"
Cena do filme "Zé"
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo