Zumbilândia acerta na mistura dos gêneros ação, terror e comédia.
Diferente da franquia Todo Mundo em Pânico (Scary Movie) e similares, Zumbilândia não força tanto o lado cômico, e está longe de ser uma paródia. Os zumbis aqui são assustadores e letais e isso impulsiona as emoções do filme, porque nos colocamos ao lado dos protagonistas em uma luta pela sobrevivência.
Num mundo dominado por zumbis
Afinal, estamos num mundo onde os zumbis dominaram a Terra rapidamente, porque suas mordidas transmitem o vírus que transforma pessoas comuns em zumbis. Nesse cenário de caos, poucos sobreviveram. Um dos sobreviventes é o personagem principal de Zumbilândia, apelidado de Columbus, papel de Jesse Eisenberg. Sua narração irônica conduz o filme desde o início, e descobrimos que ele, um nerd fraco e nada valente, consegue ser um improvável sobrevivente porque sempre preferiu se isolar das outras pessoas.
Além disso, Columbus obedece zelosamente a várias regras de sobrevivência que ele mesmo se impõe, como estar sempre em forma para fugir rapidamente e sempre atacar duas vezes, para se certificar que o zumbi morreu.
Mas Columbus quer viajar para a região oeste dos EUA, a fim de encontrar seus pais. E no caminho, consegue carona com Tallahassee, figura oposta à sua. Vivido por Woody Harrelson, Tallahassee é valente e durão, capaz de liquidar vários zumbis – ato que, aliás, lhe dá muito prazer.
Esses divertidos personagens ganham a companhia das irmãs Wichita e Little Rock, interpretadas por Emma Stone e Abigail Breslin (a menina de Pequena Miss Sunshine). Igualmente interessantes, as aparentemente frágeis garotas são na verdade duas trambiqueiras que sabem se virar sozinhas.
Bill Murray ou Eddie Van Halen?
Em um dos trechos mais engraçados de Zumbilândia, os quatro viajantes encontram a mansão de Bill Murray, um ídolo para Tallahassee. Para sua surpresa, o ator de Caça-Fantasmas também é um dos últimos sobreviventes da Terra. Então, isso dá margem para várias piadas hilárias usando a metalinguagem do cinema dentro do filme. Ao conhecê-lo, por exemplo, Wichita o encara estranhamente e fala que ele se parece muito com Eddie Van Halen.
O rock, em verdade, não está apenas nessa piada, mas em toda a trilha sonora. As guitarras em alto volume ajudam a manter o ritmo acelerado do filme. Outra piada com metalinguagem é a cena em que Jesse Eisenberg, na pele de Columbus, diz uma piada sobre o Facebook (obs: Eisenberg provavelmente já estava escalado para interpretar Mark Zuckerberg em A Rede Social no ano seguinte).
Em sua estreia no cinema, o diretor Ruben Fleischer imprime um estilo supermoderno. Escreve as regras de Columbus na tela, não no tradicional formato chapado, mas como se fossem pertencentes à cena. Nos créditos iniciais, diversos ataques de zumbis surgem em sequência em slow motion, recurso que dialogará com a parte final do filme, quando três cenas paralelas mostrarão os protagonistas, divididos, enfrentando os zumbis à sua maneira.
Enfim, a conclusão completa o arco dos personagens, principalmente de Columbus, que é forçado a quebrar uma de suas regras para salvar sua amada do perigo. Zumbilândia ainda fecha com uma liçãozinha óbvia, mas divertida e bem conectada com esse personagem e com o tema do filme. “Sem outras pessoas, você pode se tornar um zumbi”.
Se mensagem fará alguma diferença para você, não importa. Zumbilândia com certeza vai divertir você.
Ficha técnica:
Zumbilândia (Zombieland, 2009) EUA. 88 min. Dir: Ruben Fleischer. Rot: Rhett Reese, Paul Wernick. Elenco: Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Emma Stone, Abigail Breslin, Amber Heard, Bill Murray.
Assista: entrevista com Ruben Fleischer sobre Zumbilândia