13 obras-primas (ou quase) com Robert De Niro | Por Sérgio Alpendre

Lista de 13 obras-primas com Robert De Niro

Robert De Niro, o astro que é sempre lembrado pela prolífica parceria com Martin Scorsese, chegou aos oitenta anos no último dia 17. Para comemorar a data, ainda que com leve atraso, vale elencar os treze melhores filmes com a sua presença.

No letterboxd, seu filme com a maior pontuação é Coringa, o que mostra como os usuários de lá precisam ver mais filmes. Quem o revelou foi Brian De Palma, que o filmou gorduchinho e bobo em Festa de Casamento, entre 1963 e 1966, mas só lançado em 1969. O astro só se formou de fato aos 30 anos, em O Poderoso Chefão 2 (1974), para depois levantar altos voos com Scorsese.

Com De Niro acontece algo raro. Suas maiores interpretações, a meu ver, estão nos melhores filmes em que participou. A lista seria de seus melhores filmes em todo caso, mas neste caso específico poderia ser também de suas maiores interpretações, sem mudanças drásticas em sua composição.

Por que treze? Por que não?

(em ordem cronológica, já que os treze filmes estão mais ou menos em pé de igualdade)

O Poderoso Chefão 2 (The Godfather – Part II, 1974), de Francis Ford Coppola

De Palma o revelou, Scorsese o transformou em um dos maiores, mas De Niro começa sua escalada aqui, com Coppola, interpretando o jovem Vito Corleone, que no primeiro filme era interpretado por Marlon Brando. O protagonista ainda é Al Pacino. Mas o papel que De Niro interpreta é de grande importância para entendermos como Michael irá se espelhar em Vito.

Taxi Driver (1976), de Martin Scorsese

O filme que transformou De Niro num gigante da atuação, no mesmo ano em que 1900, de Bernardo Bertolucci, e O Último Magnata, de Elia Kazan, confirmaram essa magnitude. Seu personagem em Taxi Driver, o veterano da Guerra do Vietnã Travis Bickle, dirige taxi na madrugada porque não consegue dormir. Sua pulsão destrutiva só piora, já que ele tem contato com o submundo de Nova York, suas traições e sujeiras, e com um político que tem toda a pinta de desonesto.

New York New York (1977), de Martin Scorsese

Travis Bickle deixou seu taxi guardado numa garagem, pegou uma máquina do tempo e foi viver o saxofonista que se apaixona por Liza Minnelli no pós-guerra. Um dos filmes mais maneiristas de Scorsese tem a interpretação brilhante de De Niro, mais uma vez como um sociopata, que agora sabota sua própria carreira profissional. Filme bem injustiçado da dupla Scorsese-De Niro, é o mais ambicioso da primeira fase do cineasta.

O Franco Atirador (The Deer Hunter, 1978), de Michael Cimino

O terror do Vietnã e o que sobra. O amor de uma mulher como razão para desistir da vida e da América. Após um primeiro ato sublime e um segundo aflitivo, o terceiro mostra todo o horror da guerra e seus traumas sem atenuantes. A América já não faz mais sentido. Viver já não faz mais sentido. E por isso, para o personagem de De Niro, ambos passam a fazer ainda mais sentido. Um dos melhores vencedores de Oscar da história.

Touro Indomável (Raging Bull, 1980), de Martin Scorsese

Quarto longa da parceria Scorsese-De Niro, Touro Indomável mostra um ator num pedestal, após o qual ele será capaz de interpretar o próprio Satã em Coração Satânico (Angel Heart, 1987), de Alan Parker, e um satânico Al Capone em Os Intocáveis (The Untouchables, 1987), de Brian De Palma. Aqui, ele é Jake La Motta, pugilista cujo pior inimigo era ele mesmo. Só De Niro conseguiria interpretar um homem com tamanho poder de autodestruição e ainda provocar alguma empatia nos espectadores. Leia a crítica do filme aqui.

O Rei da Comédia (The King of Comedy, 1982), de Martin Scorsese

Jerry Lewis precisa ser mostrado com seriedade para que um mau imitador de Jerry Lewis possa tentar seus quinze minutos de fama. Quase afundou a carreira de Scorsese, mas a interpretação de De Niro é de antologia. Leia a crítica do filme aqui.

Era Uma Vez na América (Once Upon a Time in America, 1984), de Sergio Leone

De que outra maneira poderia terminar a carreira do grandioso Leone se não com este monumento à fundação da América com base na violência e na competição? Leia a crítica do filme aqui.

Os Intocáveis (The Untouchables, 1987), de Brian De Palma

De Palma revelou De Niro em filmes como Greetings (1968) e Hi, Mom! (1970), mas este filme de gangsters em que o astro interpreta Al Capone foi a melhor colaboração entre eles. Leia a crítica do filme aqui. Aliás, o Sérgio Alpendre ministrará um curso sobre De Palma a partir de 31/08 – saiba mais.

Os Bons Companheiros (Goodfellas, 1990), de Martin Scorsese

Segundo tomo da série de gangsters que Scorsese filmou com De Niro, que aqui serve como contraponto à ingenuidade de Ray Liotta e a crueldade de Joe Pesci. Tem momentos geniais e momentos desagradáveis (como não vejo em nenhum outro filme de Scorsese). Mas o talento envolvido, do elenco à equipe técnica e à direção, é inegável.

Cabo do Medo (Cape Fear, 1991), de Martin Scorsese

Primeira aventura de Scorsese no gênero horror, seu primeiro filme em scope – o que indica um outro patamar em sua carreira – e mais uma interpretação impecável de De Niro, aqui como o psicopata monstruoso Max Cady. Exemplo raro de refilmagem e atualização que superam de longe o filme original (Círculo do Medo, 1962, de J. Lee Thompson).

Cassino (Casino, 1995), de Martin Scorsese

Num dos últimos grandes anos do cinema americano, De Niro brilhou em dois filmes. Cassino é o primeiro, e o terceiro longa da série de gangsters de Scorsese. A meu ver, também é o melhor. De Niro é o gerente de um cassino cujo maior pecado foi ter se apaixonado por uma ladra vivida por Sharon Stone. Grande estudo sobre o desejo e a possessividade.

Fogo Contra Fogo (Heat, 1995), de Michael Mann

O segundo brilho de 1995 é esta joia de Mann, com De Niro fazendo um dos assaltantes mais classudos e charmosos do cinema. Tanto que, para o capturá-lo, Al Pacino precisa abandonar o overacting e se tornar tão classudo e charmoso quanto é De Niro no filme. Nesse duelo, ganha o cinema.

Jackie Brown (1997), de Quentin Tarantino

Que esta seja a última obra-prima (ou quase) com Robert De Niro explica muito bem o que aconteceu com Hollywood de meados dos anos 1990 em diante. Tarantino, um novato em seu terceiro longa, ainda conseguia driblar, com sua juventude e o ímpeto que costuma vir com ela, essa derrocada irreversível em um filme magistral. Creio que não seja exagero dizer que o ótimo De Niro nunca mais brilhou tão forte, embora tenha ainda algumas boas interpretações em sua carreira.

menções honrosas
Bloody Mama (1970), de Roger Corman

Talvez não devesse estar aqui, pois ao que lembro De Niro não está nem perto de ser o protagonista, mas é bom chamar a atenção para esta pérola de Corman.

Hi, Mom! (1970), de Brian De Palma

O mais forte dos filmes em que o jovem De Palma procurava controlar o overacting do jovem ator exibicionista.

Caminhos Perigosos (Mean Streets, 1973), de Martin Scorsese

De Niro é o menor (no sentido de ser o mais ridículo) entre os pequenos gangsters retratados pelo filme. O protagonista é Harvey Keitel.

A Máfia no Divã (Analyze This, 1999), de Harold Ramis

Ramis faz com que o lado mais careteiro de De Niro sirva à trama cômica, enquanto dá um jeito de segurar Billy Crystal. Bela comédia.

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