A Caixa de Pandora (filme)
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A Caixa de Pandora

Avaliação:
9/10

9/10

Crítica | Ficha técnica

A icônica imagem de Louise Brooks com seu penteado la garçonne marcou época e é por causa dela que A Caixa de Pandora se eternizou. E, na verdade, poucas das pessoas que conhecem essa figura emblemática de Lulu efetivamente assistiram ao filme.

Dirigido por George William Pabst, conhecido também como G. W. Pabst, A Caixa de Pandora é um filme contundente por retratar a realidade dura da descolada Lulu, sem filtros nem concessões para agradar ao público. Lulu é uma dançarina de cabaret, e usa seu charme e beleza para manter casos com vários homens, se aproveitando daqueles com melhores condições financeiras.

Um dos seus mais ricos amantes, o Dr. Ludwig Schön, declara que não pode continuar a vê-la, porque vai se casar. Lulu consegue impedir esse matrimônio e substituir a noiva, mas um acesso de ciúme domina o noivo no dia do casamento e, na briga, ele morre. Lulu é injustamente condenada como culpada pelo assassinato, mas consegue fugir com os amigos e com o filho do Dr. Schön, que se apaixona por ela.

Mudam-se para Londres, onde vivem na penúria. E, para sobreviver, Lulu tenta se prostituir, mas encontrará Jack, o Estripador.

Lulu

Na época do lançamento do filme, Lulu representou a nova mulher do século 20, independente e sexualmente ativa. Seu espírito livre atrai homens e mulheres, e ela se aproveita de seu charme e beleza para satisfazer seus desejos e suas necessidades. O filme mostra, porém, que sua vida não é nada fácil, o preconceito da sociedade a impede de ascender socialmente, e, também, prejudica o julgamento sobre o assassinato que não cometeu.

Georg Wilhelm Pabst faz o filme andar rapidamente, contando a sucessão de acontecimentos da vida de Lulu em episódios curtos, que preenchem as mais de duas horas de duração sem cansar. Ainda dentro do cinema silencioso, as cartelas são essenciais para revelar o que acontece nas cenas. O tema audacioso fica subentendido, pois não vemos na tela cenas em que fica explícito ou implícito que Lulu faz sexo com alguém – o sensualismo se restringe a beijos e sentadas no colo. O lesbianismo também fica apenas na insinuação, mas é evidente que a Condessa Anna Geschwitz está atraída por Lulu.

Moralidade

E todas as infelicidades que acontecem na vida de Lulu, até o fim trágico, servem mais para provar que a vida era difícil, como comentado acima. Mas não se pode dizer que se trata de uma lição de moral, de castigar a mulher amoral por estar à frente de seu tempo. Na verdade, A Caixa de Pandora deixa clara a crítica ao preconceito contra a mulher moderna, quando no julgamento o procurador utiliza a fábula da Pandora que abre as caixas de todo o mal para acusar Lulu. De fato, o final trágico está mais ligado à intenção de mostrar a inevitabilidade da decadência da protagonista, e de uma época sem muita esperança. Por isso, o assassino em série ganha uma chance de se redimir, mas não consegue.

Enfim, A Caixa de Pandora tem muito mais a oferecer do que o charmoso visual da atriz americana Louise Brooks, cuja imagem se eternizou nessa produção alemã. Por exemplo, há ainda ecos do expressionismo alemão, no seu tom pessimista e estética repleta de sombras, predominantes na parte final na sequência com Lulu e o serial killer, principalmente quando sobem escadas distorcidas. Afinal, na Alemanha entre guerras, o pessimismo imperava e o filme reflete esse sentimento numa bela, porém amarga, estória.


Ficha técnica:

A Caixa de Pandora (Die Büchse der Pandora, 1929) Alemanha. 131 min. Dir: Georg Wilhelm Pabst. Rot: Ladislaus Vajda. Elenco: Louise Brooks, Fritz Kortner, Francis Lederer, Carl Goetz, Kraft-Raschig, Alice Roberts, Daisy D’Ora, Gustav Diessl, Michael von Newlinsky.

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Onde assistir:
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