Segundo longa do diretor irlandês Neil Jordan, A Companhia dos Lobos impressiona por suas imagens e sua simbologia. Com base no “Book of Fairy Tales”, de Angela Carter, o filme deixa mais evidente as referências sexuais do clássico “Chapeuzinho Vermelho” de Charles Perrault.
O visual onírico preenche a tela com névoas e foco suavizado, muito usados nos filmes para representar sonhos e contos de fadas. Acrescenta, no entanto, um gore típico do cinema de terror nas transformações de humanos em lobos, quebrando as expectativas de quem pensou que este seria um filme infantil.
A Companhia dos Lobos não é para o público infantil, na verdade, não somente por esse gore, mas principalmente porque trata da sexualização que chega com a adolescência. No caso, a menina Rosaleen imagina e sonha com os contos que sua avó (Angela Lansbury) conta para ela. Um caçador representa o vilão, como o homem mau que lhe pode fazer mal. Já o lobo simboliza a mulher sexualizada e empoderada, na qual Rosaleen se transforma na adolescência.
O filme, apesar das suas belas imagens oníricas, dos efeitos especiais da transformação, e dessa simbologia profunda, perdeu impacto com o passar do tempo. Essas qualidades não superam a narrativa fragmentada, formada por diferentes contos. Sem esconder que se trata de sonhos e visões, essa estrutura acaba impedindo que o público se envolva com essas pequenas histórias.
Enfim, para Neil Jordan, A Companhia dos Lobos serviu de cartão de visita para se projetar internacionalmente. Mas seus melhores filmes viriam posteriormente.
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Ficha técnica:
A Companhia dos Lobos | The Company of Wolves | 1984 | Reino Unido | 95 min | Direção: Neil Jordan | Roteiro: Angela Carter, Neil Jordan | Elenco: Angela Lansbury, David Warner, Stephen Rea, Sarah Patterson, Micha Bergese, Graham Crowden, Brian Glover, Kathryn Pogson, Georgia Slowe.
