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A Era de Ouro (filme)
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A Era de Ouro

Avaliação:
6.5/10

6.5/10

Crítica | Ficha técnica

Não é mera coincidência que A Era de Ouro (Spinning Gold) estreie na semana do Dia dos Pais. O filme não esconde que é uma homenagem de filho para pai.

Timothy Scott Bogart dirige aqui seu segundo longa para contar a história do seu pai, Neil Bogart, o fundador da Casablanca Records. Vale esclarecer que o filme é sobre Neil e não sobre a Casablanca e muito menos sobre os seus principais artistas contratados. Na verdade, o relato até desmistifica esses nomes famosos, puxando a sardinha para o lado do biografado. Assim, na visão nada imparcial de seu filho, se não fosse por Neil Bogart, todos seriam um fracasso. Por exemplo, ele teria criado os shows pirotécnicos do Kiss, a sensualidade de Donna Summer (que era uma mãe recatada), e os arranjos que criaram o som contagiante dos Isley Brothers.

Na parte inicial do filme, como se fosse uma entrevista, o próprio Neil admite que vai fantasiar seu relato para que fique mais interessante. Portanto, na versão do filme, a canção “Beth”, do Kiss, era uma alfinetada em Neil porque ele traía sua esposa que tinha esse nome. Mas na autobiografia de Peter Criss*, autor da música junto com Stan Penridge, a letra foi escrita na época em que ele estava na banda Chelsea, e se refere a Becky, mulher do músico Mike Brand.

Não é uma cinebiografia típica

O longa se distancia das típicas cinebiografias de empreendedores de sucesso. Afinal, Neil Bogart não ficou milionário por causa de seu trabalho árduo ou por ter uma perspicácia especial (embora o filme insinue que ele tinha certo talento musical). O que realmente fez a diferença em sua trajetória foi sua coragem de arriscar. Por isso, ele mesmo se compara a um apostador de cassino. De qualquer forma, o enredo mostra que ele tinha visão de negócios desde criança. E sempre soube arranjar dinheiro, mesmo que fosse tomando empréstimos. Durante a maior parte do filme, ele está devendo milhões de dólares. Ainda assim, nunca deixou de apostar.

O ponto de virada aconteceu com o lançamento do hit “Love to Love You Baby”, de Donna Summer. Neil Bogart explorou a sensualidade potencial da música (a cena de gravação no estúdio é um dos momentos mais engraçados do filme). Depois disso, os ventos sopraram a favor. Ele teve a brilhante ideia de lançar um disco ao vivo do Kiss (“Alive”), assim resolvendo o problema de que os seus shows lotavam mas os discos não vendiam.

Narrativa acelerada

Em certo momento, o pai de Neil, muito presente no filme, diz ao filho que ele está sempre correndo. E Timothy Scott Bogart toma isso como inspiração para a direção de A Era de Ouro. O que gera algumas boas cenas, como a tomada única num frenético dia no escritório da gravadora, com várias pessoas falando com Neil enquanto a câmera o acompanha se movimentando rapidamente pelo local. Em outros trechos, o diretor incrementa com transições de tempo irreais (os Isley Brothers discutindo no início da tomada e no final entrando para tocar). Mas o filme também recorre a clichês. Por exemplo, os rápidos flashes de momentos anteriores para ilustrar o que se passa na mente do personagem.  

No geral, a narrativa é primordialmente cronológica, mas tomando liberdades. A música que o Kiss toca na inauguração da Casablanca Records, por sinal, só sairia no terceiro disco da banda. Como não há uso de cartelas identificando a linha do tempo, os relatos se sucedem vertiginosamente. O efeito acaba sendo o oposto. Parece que muitos anos se passam com Neil Bogart endividado, mas aquele ponto de virada da Casablanca com a Donna Summer aconteceu em 1975, ou seja, apenas dois anos após sua fundação. É verdade que o filme cobre os empreendimentos anteriores de Bogart, mas de qualquer forma a narrativa fica um tanto confusa. A desculpa é que isso ilustra a forma acelerada que o biografado levava a sua vida. Poderia também ter levado a mais flertes musicais, que enriqueceriam a obra.

Conclui esse filme irregular um depoimento de Bogart falando de sua própria morte aos 39 anos. É, claramente, uma dedicação de Timothy Scott Bogart ao seu pai, que revê a sua vida e deseja que tivesse tido mais tempo. Como se fosse um epitáfio.

* “Make up to Breakup”, de Peter Criss e Larry Sloman (pág. 144, Ed. Lafonte, 2013).  

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Ficha técnica:

A Era de Ouro | Spinning Gold | 2023 | Direção e roteiro: Timothy Scott Bogart | Elenco: Jeremy Jordan, Michelle Monaghan, Jay Pharoah, Lyndsy Fonseca, Dan Fogler, Peyton List, James Wolk, Jason Isaacs, Michael Ian Black, Sebastian Maniscalco, Tayla Parx, Casey Likes, Sam Nelson Harris.

Distribuição: Paris Filmes.

Trailer aqui.

Onde assistir:
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