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A Garota no Trem (filme)
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A Garota no Trem

Avaliação:
9/10

9/10

Crítica | Ficha técnica

“A Garota no Trem” resgata aquele suspense com várias pistas espalhadas pelo filme

A estrutura narrativa do suspense “A Garota no Trem” foge do convencional. Repleto de idas e vindas, flashbacks, cortes abruptos, é um retrato da mente perturbada da protagonista Rachel (Emily Blunt), ao mesmo tempo que serve como um quebra cabeças cujas peças o espectador monta à medida que o filme avança.

As três mulheres

Uma a uma, as três personagens femininas principais são apresentadas, em breves sequências iniciadas com o primeiro nome delas. Primeiro, Rachel, que abre o filme em um trem, narrando o que imagina durante o trajeto, enquanto observa as casas ao lado dos trilhos. Principalmente uma delas, cuja vida ela desenha a partir de sua imaginação, como as ilustrações que rascunha em um caderno que sempre tem às mãos. Então, a viagem logo a leva também para a casa onde morava com seu agora ex-marido, que se casou novamente e vivencia a chegada do primeiro filho, ainda bebê. A amargura dessas lembranças resultou no alcoolismo de Rachel, como mostra através de imagens o final desta sequência.

O título Megan abre a apresentação da segunda protagonista. Ainda que esse segmento também assuma a auto narração, as imagens agora sugerem uma personalidade jovial de quem não quer assumir compromissos, e essa imagem se espelha no leve slow motion das cenas. A câmera favorece os ângulos mais sensuais da atriz Haley Bennett, enfatizando o quanto o sexo é importante para ela.

A terceira personagem, Anna (Rebecca Ferguson), surge com características claramente maternais. O close revela um rosto com olheiras por noites passadas em claro. A sequência segue um padrão mais tradicional de narrativa, e retrata o momento atual em que Megan, que é sua babá, pede demissão repentinamente. Além disso, um pouco do cotidiano com seu marido, Tom (Justin Theroux), divorciado de Rachel. No diálogo entre os dois, Anna pergunta quantas mensagens a ex-mulher enviou a ele. Em gesto que se revelará recorrente, Anna passa a mão nos lábios após um selinho do marido, como se limpasse a boca.

Assassinato

A trama se concentrará principalmente em Rachel e Megan, que será assassinada, e a solução do mistério de quem a matou conduzirá a história. Além da perturbada Rachel, os homens com quem Megan se relaciona também estão entre os suspeitos. Os flashbacks, inseridos de forma nervosa durante o filme, revelam aos poucos quem é o verdadeiro culpado. Rachel é a principal suspeita, mas também a maior chave para a solução. Ela estava na cena do crime, porém, totalmente embriagada.

“A Garota no Trem” consegue criar o efeito das pistas que são peças que se encaixarão na solução do mistério, algo que “Inverno de Sangue em Veneza” (Don’t Look Now, 1973), de Nicolas Roeg, levou à perfeição. A gota de água que cai na testa de Megan quando ela está na banheira ganhará um peso essencial para a trama e para a construção dessa personagem complexa. A revelação do trauma dela é uma cena de alto teor dramático, construída com primor pelo diretor Tate Taylor. Essa gota de água voltará em um momento crucial do filme.

Conclusão

Os momentos finais, após a descoberta de quem matou Megan, conseguem manter a tensão. É uma contagem regressiva até o desfecho definitivo. E, evita o que acaba sendo o ponto fraco de muitos filmes do gênero, ao utilizar muitos cortes rápidos e movimentos agitados de câmera.

Durante todo o filme, contribuem como elementos vitais para a construção do clima sombrio de “A Mulher no Trem” a música de Danny Elfman, com melodia extremamente melancólica e atmosférica, e a fotografia em tons sépios de Charlotte Bruus Christensen. E, claro, a direção de Tate Taylor, de “Histórias Cruzadas” (The Help, 2011), que além de orquestrar esses trunfos, enche o filme de pistas que colocam o espectador atento a todos os detalhes. Por fim, ainda fecha o longa com uma bela simbologia com uma estátua de três mulheres.


Onde assistir:
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