Pesquisar
Close this search box.
Histórias Cruzadas (filme)
[seo_header]
[seo_footer]

Histórias Cruzadas

Avaliação:
8/10

8/10

clique no botão abaixo para ouvir o texto

Crítica | Ficha técnica

Histórias Cruzadas é daqueles filmes que abordam temas que envolvem os espectadores pelos princípios que são neles retratados. A trama se passa em uma pequena cidade dos Estados Unidos nos anos 60. Especificamente, mostra um painel da dura vida das empregadas domésticas negras, vítimas frequentes do preconceito racial. Em plena segunda metade do século XX, o racismo ainda predominava naquela sociedade.

Aqui, a abordagem do conhecido tema agrada por sua originalidade. A principal protagonista não é uma das empregadas, mas uma jovem branca com ambições de ser escritora, chamada Skeeter (Emma Stone). Ela recebe o desafio de uma editora de coletar vários depoimentos desses dramas racistas para publicar em um livro. A dificuldade para Skeeter está em convencer as amedrontadas vítimas a relatar suas penúrias.

As entrevistadas

A primeira colaboradora de Skeeter, Aibileen (Viola Davis) trabalha para Elizabeth (Ahna O’Reilly), uma mãe que despreza sua filhinha por achá-la feia. Por isso, Aibileen ocupa o vazio materno da pequena bebê.

A segunda depoente, Minny (Octavia Spencer) sofre os diabos nas mãos da patroa Hilly (Bryce Dallas Howard), líder na comunidade das mulheres brancas e preconceituosas. Após ser despedida, ela se vinga, numa cena hilária que soluciona inteligentemente o dilema do sigilo necessário para proteger as entrevistadas anônimas após a publicação do livro. Minny depois vai para uma vida melhor, trabalhando para uma mulher (Jessica Chastain) que, apesar de ser loira, não é aceita pelo grupo de Hilly.

Com o desenrolar dos acontecimentos, as angústias represadas são evacuadas em vários relatos das sofridas empregadas, que acabam se transformando em um livro de sucesso.

Histórias tocantes

Dentre as histórias das domésticas, a mais tocante é a que envolve a mãe da escritora. Charlotte (Allison Janney) sempre tratou muito bem Constantine (Cicely Tyson), responsável pela criação de Skeeper, que a adorava. Porém, em uma reunião com senhoras da sociedade local, Charlotte, para proteger sua reputação junto às colegas, maltrata e depois despede a já senil Constantine, sem o menor respeito e muito menos gratidão. Esse desvio de conduta deveu-se à covardia de Charlotte, que ao ir contra seus valores, maculou seu caráter perante a si mesma.

O filme aborda o segregacionismo racial, mas nas entrelinhas é também um filme feminista. Para começar, todos os protagonistas são mulheres e o único personagem masculino digno de menção – Stuart, o namorado de Skeeter – é vazio e desprezível. Além disso, e apesar de o diretor ser homem (Tate Taylor, em seu segundo longa metragem), toda a entonação do filme tende para o feminino.

Direção e elenco

Tate Taylor esticou um pouco demais a duração de Histórias Cruzadas. Por isso, em seu último terço, cada sequência prenuncia um final que insiste em não acontecer. E, ainda que o capítulo seja importante para a trama, fica a impressão de que o diretor não queria deixar nada de fora e não conseguia se decidir pelo encerramento. De fato, suas declarações nos extras do DVD, no capítulo de cenas excluídas, comprovam essa dificuldade em cortar trechos filmados.

Por outro lado, o elenco todo apresenta uma performance admirável, tanto que concorreu a três Oscars por atuação: Viola Davis como atriz principal e Jessica Chastain e Octavia Spencer como coadjuvantes, tendo como vencedora esta última, merecidamente. Octavia atinge aquela atuação brilhante, que fica a um passo do caricato e que aqui está na medida certa. A película concorreu também ao Oscar de melhor filme, porém perdeu para O Artista.

Adicionalmente, vale a pena prestar atenção na novata Ahna O’Reilly, que interpreta a mãe que não tem amor por sua filha. Em um papel secundário mas difícil, a atriz tem presença radiante nas cenas em que aparece.

Já quanto a Emma Stone, vale mencionar uma curiosidade. Ela viria a interpretar a personagem Gwen Stacy, em 2012, no filme O Espetacular Homem Aranha, mesmo papel vivido por Bryce Dallas Howard na trilogia anterior do herói aracnídeo em O Homem Aranha 3 em 2007.

Além disso, merece menção, ainda, as atuações divertidas das veteranas Mary Steenburgen e Sissy Spacek nos papéis, respectivamente, da editora Elain Stein e da mãe de Hilly, Missus Walters.


Histórias Cruzadas (filme)
Histórias Cruzadas (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo