A História Oficial traz aos holofotes do público o papel daqueles que contribuíram e se beneficiaram com o regime militar ditatorial da Argentina, sem os quais esse governo não se sustentaria.
A história se passa em 1983, um pouco antes do fim do regime ditatorial. Alicia (Norma Aleandro) é uma professora de história em um colégio e usufrui de uma confortável vida de classe média sustentada pelo marido, executivo de uma empresa multinacional. O ambiente político agitado a força a abandonar a sua postura alienada. Na escola, os alunos questionam as lições de História ensinadas por Alicia, que refletem a versão oficial que o governo impõe. Em sua vida pessoal, a sua amiga Ana retorna do exílio e conta que foi levada e torturada pelos militares.
Então, Ana faz uma revelação que leva Alicia a desconfiar que os pais de Gaby, sua filha de 5 anos adotada ainda bebê, podem estar na lista das pessoas assassinadas pelo regime ditatorial. Em seguida, ela inicia uma investigação para descobrir se esse receio pode ser verdade. Nos órgãos oficiais, no hospital e na igreja, nada descobre, mas consegue a ajuda de uma organização não governamental. Através dela, conhece uma senhora, uma das Abuelas de Plaza de Mayo, que pode ser a avó de Gaby.
Afinal, Roberto, o marido de Alicia, é um executivo envolvido com os militares que se beneficia do regime. Ele se posiciona contra aqueles que se opõem à ditadura, a quem ele chama de subversivos. E, de forma até violenta, desencoraja Alicia a buscar a verdade sobre Gaby.
Estados Unidos
Por outro lado, A História Oficial critica também a participação dos Estados Unidos no regime militar. O marido de Alicia trabalha em uma empresa americana que lucra com a ditadura. Aliás, o filme ilustra a influência dos EUA até nos enfeites e presentes na festa de aniversário de Gaby.
Essencialmente, Luis Puenzo dirige o filme nos padrões do cinema clássico, seguindo uma narrativa cronológica. Na verdade, o grande destaque de A História Oficial é seu roteiro, indicado ao Oscar, bem como as interpretações dos atores. Em especial, de Norma Aleandro e Héctor Alterio, nos papéis de Alicia e Roberto. Como resultado, o longa ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro.
Enfim, o filme chegou aos cinemas apenas dois anos depois do fim da ditadura. Mesmo assim, A História Oficial corajosamente lança luz sobre esses parceiros da ditadura que nunca foram a julgamento, apesar de também terem responsabilidade pelo desrespeito aos direitos humanos durante esse período.
Ficha técnica:
A História Oficial (La Historia Oficial, 1985) Argentina. 115 min. Dir: Luis Puenzo. Rot: Aída Bortnik, Luis Puenzo. Elenco: Norma Aleandro, Héctor Alterio, Chunchuna Villafañe, Hugo Arana, Guillermo Bataglia, Chela Ruiz, Patricio Contreras, Maria Luisa Robledo, Analia Castro, Laura Palmucci, Lidia Catalona.
