Nos anos 1980, os cinemas foram invadidos por uma onda de filmes sobre mundos fantásticos, que tentavam satisfazer o público que se entusiasmava com os primeiros filmes da saga Star Wars. Esses projetos queriam criar contos de fadas modernos e A Lenda era um deles.
Por outro lado, a carreira do diretor Ridley Scott vinha numa ascensão, em qualidade e bilheteria. Seus três primeiros longas-metragens foram Os Duelistas (1977), Alien: O Oitavo Passageiro (1979) e Blade Runner: O Caçador de Andróides (1982). Porém, seu quarto filme, A Lenda interrompeu essa escalada.
Afinal, A Lenda não encontrou seu público. Era um filme de fantasia, com uma princesa, goblins e outras criaturas mágicas, com um vilão, o Senhor das Trevas com aparência assustadora, própria para o gênero terror. Além disso, com cenas sensuais, onde esse demônio seduz a princesa Lili interpretada por Mia Sara. E, o herói que tenta resgatá-la é Jack, vivido por Tom Cruise, um rapaz que vive na floresta vestindo roupa curta em frangalhos.
A trama
A estória em si tem pouca ação. Um goblin mata um dos dois unicórnios restantes enquanto a princesa Lili o encanta com sua cantoria. O Senhor das Trevas a sequestra para seduzi-la e atrair o outro unicórnio, pois, com a morte deste, o sol desaparecerá e a escuridão reinará para sempre. Então, o namorado de Lili, Jack, recebe ajuda do líder das fadas e outras criaturas do bem na missão de impedir o plano do Senhor das Trevas.
O roteiro possui ação apenas no início, quando o unicórnio é morto pelo goblin e no final, quando Jack e seus aliados invadem a casa do Senhor das Trevas para libertar Lili e salvar o mundo. A parte intermediária de A Lenda caminha vagarosamente, com poucos acontecimentos interessantes. E a luta final entre o vilão e o herói acaba sendo pouco empolgante, com o uso exagerado de câmera lenta.
Destaques
Já a melhor cena do filme acontece um pouco antes do desfecho, quando o horrendo Senhor das Trevas tenta seduzir a angelical Lili. Tim Curry provara em The Rocky Horror Picture Show (1975) que se encaixa bem em personagens enlouquecidos, enquanto Mia Sara era uma atriz revelação que convence com sua beleza jovem, própria de uma princesinha, que se transforma na sua versão dark quando não resiste à sedução do mal.
Vale destacar a fotografia, ponto forte nos filmes de Ridley Scott. Sob sua direção, o diretor de fotografia Alex Thomson recheia a mise-en-scène com fumaça para criar o efeito dos raios de luzes refletidos nela, que tanto agradam Scott. Além disso, os grandiosos cenários e a maquiagem convincente das criaturas mágicas do filme, contribuem para elevar a qualidade de A Lenda. Na verdade, a originalidade maior da maquiagem está no Senhor das Trevas, pois os goblins se assemelham muito aos seres de O Cristal Encantado (1982).
Enfim, A Lenda pode ser um dos melhores filmes da safra do cinema fantástico dos anos 1980, mas lhe faltam cenas de ação mais empolgantes.
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Ficha técnica:
A Lenda (Legend, 1985) EUA. 105 min. Dir: Ridley Scott. Rot: William Hjortsberg. Elenco: Tom Cruise, Mia Sara, Tim Curry, David Bennent, Alice Playten, Billy Barty, Cork Hubbert, Peter O’Farrell, Kiran Shah, Annabelle Lanyon, Robert Picardo, Tina Martin.