“Alien, o Oitavo Passageiro” é um marco da ficção científica sombria
Alien, o Oitavo Passageiro é o segundo longa-metragem de Ridley Scott. É uma de suas obras primas, ao lado do Blade Runner, o Caçador de Andróides (Blade Runner, 1982), seu filme seguinte. Apresenta uma abordagem sombria ao gênero ficção científica, como contraponto à fantasia reluzente de Guerra Nas Estrelas (Star Wars, 1977), lançado dois anos antes.
A abertura de Alien, o Oitavo Passageiro, após os créditos, revisita a cena inicial do filme de George Lucas. Afinal, uma enorme nave espacial atravessa a tela, da direita para a esquerda, vista de baixo, revelando sua gigantesca dimensão. A espaçonave se chama Nostromo e possui, como se descobrirá posteriormente, um desenho assustador, nada aerodinâmicos, como se fossem dois edifícios unidos por uma base. No interior dela, a câmera passeia pelos seus corredores estreitos, até o computador da nave, que possui o nome Mother. E que desperta os tripulantes que repousavam por meses em câmaras de ar. São sete tripulantes, comandados por Dallas (Tom Skerritt).
Eles interceptam um sinal indecifrável de um planeta desconhecido e resolvem pousar lá para investigar. Três descem da nave, e encontram uma embarcação espacial com formas arredondadas, o oposto de Nostromo. Por dentro, ela se assemelha a um interior de um animal, com tubulações que se parecem com ossos misturados a estruturas metálicas. Esse visual original e assustador foi criado pelo designer HR Giger, um mestre nesse estilo, e constitui um dos elementos chave da qualidade do filme.
Reservatório de ovos
Kane (John Hurt), um dos tripulantes que desceu no planeta, encontra um reservatório de ovos. Ao se aproximar de um deles, um ser salta e gruda em seu capacete. Desacordado, ele é levado para a Nostromo, onde esse alienígena iniciará seu ciclo de crescimento acelerado, usando os humanos como hospedeiros.
Ridley Scott, que começou a carreira na publicidade, possui um olhar apurado para o aspecto visual. E isso ficou evidente em sua estreia no cinema, com Os Duelistas (The Duellists, 1977), e durante toda sua filmografia. Aliás, o clima de suspense de Alien, o Oitavo Passageiro se deve muito ao visual, desde as primeiras tomadas dentro da Nostromo, até a nave alienígena e o monstro em si. Em uma época em que a computação gráfica ainda não era usada, os efeitos especiais são surpreendentemente convincentes. Além disso, a utilização de matte paintings criadas por HR Giger incrementa o envolvimento do espectador no terror que cresce à medida em que se permite conhecer a assombrosa figura do alienígena.
Suspense crescente
A progressão do suspense se espelha claramente na personagem Lambert (Veronica Cartwright). Ela expressa cada vez mais o medo desesperador que toma conta dela no decorrer da estória. O diretor Ridley Scott não permite ao espectador momentos de relaxamento. Para isso, emprega muito movimento de câmera, sejam travellings, sejam giros de 360°, recursos que caracterizam Nostromo como um ambiente hostil para seus tripulantes.
Ripley, protagonista vivida por Sigourney Weaver, tornou-se símbolo da pioneira heroína feminina. Atualmente essa tendência está muito presente em filmes como Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road, 2015), Star Wars: O Despertar da Força” (Star Wars: Episode VII – The Force Awakens, 2015), Rogue One: Uma História Star Wars” (Rogue One, 2016), etc. Mas, em 1979, no final da década onde o feminismo ganhou força como movimento contra os tabus machistas, as mulheres ainda não costumavam aparecer em papéis heroicos no cinema norte-americano. E a escolha de Sigourney Weaver, com porte atlético e esguio e cabelos escuros encaracolados, se provou perfeita para se opor ao padrão dos personagens femininos da época.
Esses elementos tornaram Alien, o Oitavo Passageiro um marco da história do cinema, principalmente do gênero ficção científica, gerando continuações em 1986, 1992, 1997, 2012 e 2017, e ainda o bizarro Alien vs. Predator (AVP: Alien vs. Predator, 2004).
