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A Lenda de Candyman (filme)
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A Lenda de Candyman

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

A Lenda de Candyman é a versão de Jordan Peele para o serial killer sobrenatural criado por Clive Barker.

Barker criou Candyman em seu conto “The Forbidden”, em 1986. A história se passava em Liverpool, na Inglaterra, e nada indicava que o vilão era negro. Mas, Bernard Rose adaptou esse conto para o cinema em O Mistério de Candyman (Candyman, 1992), filme que ficou notório como o primeiro slasher com um assassino em série negro como vilão. E, por isso levantou polêmica sobre um suposto racismo.

Agora, Jordan Peele se apodera dessa questão e a inverte, usando-a a favor de seu cinema autoral que mistura terror com o combate a qualquer ato preconceituoso. Essa é a essência de seu longa Corra! (Get Out, 2017), mas também permeia Nós (Us, 2019). Aliás, o fato de o elenco de A Lenda de Candyman ser praticamente todo formado por africanos-americanos reforça esse ponto.

Além disso, Peele repagina Candyman como a maldição que se origina da soma de todas os negros injustamente mortos por brancos, principalmente, por policiais. Isso acontece desde 1890. Assim, todas as vítimas do serial killer são brancas.

A Lenda de Candyman confirma os eventos do filme de Bernard Rose como fatos que ocorreram no passado. A personagem Helen Lyle (vivido por Virginia Madsen no filme de 1992) ganha citação aqui como a mulher que enlouqueceu, matou pessoas e acabou queimada numa fogueira. Seu último ato possui conexão com o protagonista desta nova história, o pintor Anthony McCoy (Yahya Abdul-Mateen II). Em busca de inspiração para sua arte, McCoy se locomove até o conjunto habitacional Cabrini-Green, local decadente e violento que sediou os principais eventos do primeiro filme. Lá, um velho conta sobre o Candyman e ele leva uma picada de uma abelha que se espalha pelo resto do seu corpo.

A direção de Nia DaCosta

Vemos imagens de assassinatos brutais, afinal, o Candyman ataca com o gancho que substitui sua mão. Embora o assassino só possa ver visto através dos reflexos, o filme explora os efeitos de seus golpes. Por outro lado, a propagação da infecção da picada de abelha pelo corpo de McCoy é de arrepiar, e passa até pela repetição da unha dos dedos que se solta, como em A Mosca (The Fly, 1986), de David Cronenberg.

O conceito é notadamente de Norman Peele, mas a direção é de Nia DaCosta, também co-roteirista, ao lado de Peele e Win Rosenfeld.  Após despontar em Passando dos Limites (Little Woods, 2018), ela agora realiza um trabalho de maior impacto como diretora. Em parte, porque o gênero terror permite mais ousadias do que o drama. Mas, talvez porque a mentoria de Jordan Peele a motivou a tentar voos mais arriscados.

Assim, logo no início, vemos planos inventivos de prédios de Chicago filmados de baixo para cima, resultando em imagens abstratas que não identificamos logo de cara. Destaca-se, também, o ataque de Candyman, invisível, a uma mulher em seu apartamento, com a câmara se afastando conforme a violência se agrava. Sobram aí referências a Irmãs Diabólicas (Sisters, 1972), de Brian De Palma, e Janela Indiscreta (Rear Window, 1954), de Alfred Hitchcock. O uso dos espelhos também é recorrente, pois só assim podemos ver o Candyman. Em especial, é notório aquele assassinato em massa dentro de um banheiro feminino, refletido em um espelho de maquiagem caído no chão.

Terror acanhado

Porém, neste caso, por ser um slasher, o terror típico de Jordan Peele parece acanhado. O cineasta se apoia mais na ambientação do que em sustos e ataques violentos, mas aqui faz falta um mergulho no terror típico. A história (recriada) é criativa, e se adequa às pretensões autorais de Peele; a direção de DaCosta revela inspiração; mas A Lenda de Candyman peca por não ser tão assustador quanto deveria ser.


A Lenda de Candyman (filme)
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