O diretor alemão Tom Tykwer não teme correr riscos. Sua ousadia o destacou no cinema mundial com seu alucinante quebra-cabeças Corra, Lola, Corra (1998). A Luz, seu novo filme carrega bastante sua tendência exploratória, misturando tons, gêneros e temas. Porém, desta vez o resultado decepciona.
A premissa de A Luz escancara as portas para os devaneios de Tykwer. Farrah, uma mulher síria refugiada em Berlim é contratada como empregada doméstica por uma família alemã disfuncional. Através de conversas repletas de empatia e uma terapia esotérico-científica que ela chama de “a luz”, ela vai consertando as vidas dos moradores da casa onde ela começa a trabalhar.
O casal formado pelo ambientalista Tim e a workaholic Milena praticamente deixou de interagir entre si. O filho Jon fica trancafiado no seu quarto jogando games (e é um dos melhores numa competição em VR). Já a filha Frieda é uma ativista que decide fazer um aborto. O outro membro da família é Dio, uma criança que nasceu de um caso extraconjugal de Milena.
Seriedade e fantasia
O filme acompanha Farrah e cada um dos Engels isoladamente. Dessa forma, levanta discussões diversas sobre temas sérios. Entre eles, a burocracia, o ativismo, o aborto, a xenofobia, o ambientalismo, o ambiente virtual, e até questões existenciais. No entanto, a insistência do diretor Tom Tykwer em inserir sequências fantasiosas retira a seriedade dessas discussões. Cada protagonista tem seu momento de fantasia, que podem ser a viagem lisérgica de Frieda através de túneis, uma animação com Dio cantando “Bohemian Rhapsody”, e números musicais.
A conclusão traz uma virada surpresa, revelando as verdadeiras intenções de Farrah. O filme, então uma mistura de drama e comédia, entra no terror. Mas, tudo isso cria uma sensação de criatividade desenfreada que aniquila a força do enredo. A Luz prova que o excesso de criatividade pode prejudicar o drama da narrativa. É mais um filme viajante de Tom Tykwer, mas desta vez sem destino.
O filme A Luz está na programação do 1º Festival de Cinema Europeu Imovision.
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Ficha técnica:
A Luz | Das Licht | 2025 | 162 min | Alemanha, Reino Unido | Direção: Tom Tykwer | Roteiro: Tom Tykwer | Elenco: Nicolette Krebitz, Lars Eidinger, Tala al Deen, Julius Gause, Elke Biesendorfer, Elyas Eldridge, Toby Onwumere, Mudar Ramadan.
Distribuição: Imovision.
