Pesquisar
Close this search box.
Poster de "Todos Menos Você"
[seo_header]
[seo_footer]

Todos Menos Você

Avaliação:
7/10

7/10

clique no botão abaixo para ouvir o texto

Crítica | Ficha técnica

Depois de transitar pelo cinema infantil – Annie (2014), Pedro Coelho (2018), Pedro Coelho 2 (2021) – o diretor Will Gluck retorna à comédia romântica. Esse gênero, ele visitou nos mornos A Mentira (Easy A, 2010), com Emma Stone, e Amizade Colorida (Friends with Benefits, 2011), com Mila Kunis e Justin Timberlake. Desta vez, em Todos Menos Você (Anyone But You), Gluck se esforça para aumentar a temperatura. E, precisa fazer isso para superar a trama frágil que tem em mãos (coescrita por ele junto com Ilana Wolpert).

Muito barulho por nada

O enredo explora a comédia de erros, muito comum nos filmes românticos. O início da história, aliás, é bem típico, tanto quanto a combinação engraçada dos nomes dos protagonistas, Ben e Bea. Numa situação de (relativo) desespero, Bea (Sydney Sweeney) se encanta com a gentileza do bonitão Ben (Glen Powell). E, no mesmo dia em que se conhecem, acabam na cama. Mas, quando acordam de manhã, falam ou fazem besteiras porque inconscientemente não querem se apaixonar tão rápido. Assim, acabam ficando com uma má impressão um do outro.

Então, numa daquelas coincidências de cinema, os dois se reencontram. Acontece que a irmã de Bea está namorando com Claudia (Alexandra Shipp), a melhor amiga de Ben. Pouco tempo depois, as duas anunciam que vão se casar na Austrália, onde moram os pais de Claudia, e Ben e Bea viajam juntos para lá.  A trama, nessa parte, beira o juvenil. Claudia, sua família, e sua noiva tentam aproximar Ben e Bea, para que a briga entre eles não estrague a cerimônia. Os dois percebem e fingem que estão juntos – adicionalmente, também para afastar o ex-noivo de Bea que chega ao local a convite dos pais dela.

Na verdade, a proposta era fazer um roteiro baseado na peça “Muito Barulho Por Nada”, de William Shakespeare. O que não é uma ideia nova, pois já foi usada em 10 Coisas que Eu Odeio em Você (10 Things I Hate About You, 1999), inspirada em “A Megera Domada” – talvez o caso mais notável desse tipo de adaptação tênue de uma obra do bardo inglês. Mas a comédia de erros aqui gerou confusões bobinhas demais.

Quebrando o lugar-comum

Apesar desse enredo tolo, Tudo Menos Você sobrevive. Isso acontece porque Will Gluck ousa ir além do esperado. Em relação à comédia pastelão, leva a piada boa a um ponto que quebra as expectativas e, assim, faz rir. Por exemplo, logo na primeira parte, quando Bea molha sua calça com a água da pia no banheiro e tenta se secar com o jato de ar quente. Se ficasse só nisso, a anedota não seria tão engraçada. Mas, a situação vai além, e mostra que ela tirou a calça e a pendurou direto no tubo de ar, e a roupa fica ali estendida flutuando como se fosse uma bandeira. E esse tipo de surpresa é verdadeiramente cômico, como já provou Top Secret! (1984) e outras pérolas do trio Jim Abrahams, David Zucker e Jerry Zucker.

Já no quesito comédia picante, Tudo Menos Você traz inesperadas piadas sujas no estilo Quem Vai Ficar com Mary? (There’s Something About Mary, 1998), e outros filmes de Bobby Farrelly e Peter Farrelly. O melhor exemplo é aquela cena na qual Ben e Bea exploram a bunda um do outro para provar aos outros que estão juntos. Usando o mesmo truque em relação à comédia pastelão, Will Gluck acerta ao extrapolar o lugar-comum e ir (literalmente) mais fundo do que nos acostumamos a ver. Além disso, o filme traz um pouco de nudez, uma tendência que os novos atores americanos começaram a retomar, depois de tanto tempo de comportamento pudico.

Alto-astral ou cinismo?

No entanto, Todos Menos Você perde sua força, não só nos detalhes da trama, mas também na tentativa de ser um feel good movie, ou um filme alto-astral. As várias canções tocadas durante a história forçam esse sentimento, que vai até contra a proposta de ir além do limite na comédia e nas conotações sexuais.

Nesse ponto, contudo, o filme fica dividido. Toca várias vezes partes da música “Unwritten”, de Natasha Bedingfield, como exemplo de algo piegas. Apesar disso, o elenco aparece cantando essa música nos créditos finais. A impressão final que fica é que Will Gluck quis que o filme tirasse sarro de si mesmo, o que pode implicar que a sua trama é propositalmente tola. Será?

Se for assim, Tudo Menos Você é melhor do que o público em geral vai perceber. Não seria um filme alto-astral, mas um besteirol cínico. De qualquer forma, supera a média das comédias românticas açucaradas que a indústria lança aos montes.

___________________________________________

Ficha técnica:

Todos Menos Você | Anyone But You | 2023 | 103 min | EUA, Canadá | Direção: Will Gluck | Roteiro: Will Gluck, Ilana Wolpert | Elenco: Sydney Sweeney, Glen Powell, Alexandra Shipp, GaTa, Hadley Robinson, Michelle Hurd, Dermot Mulroney, Darren Barnet.

Distribuição: Sony Pictures.

Assista ao trailer aqui.

Onde assistir:
Homem e mulher em cima de uma boia.
Cena de "Todos Menos Você"
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo