O filme de terror indiano A Maldição do Poço apresenta belos enquadramentos, mas não consegue construir um clima assustador.
No filme, uma garota retorna do mundo dos mortos para se vingar da família que a jogou num poço por conta de uma antiga tradição que pregava o sacrifício de bebês do sexo feminino.
A história não consegue deixar claro quais são os critérios para a escolha do bebê que deveria morrer, além do fato de ser mulher, mas a menina de 10 anos Shivangi pode quebrar essa maldição, e salvar sua família. Além disso, a trama confunde, também, ao incluir umas suposições de que as mortes resultam de uma epidemia e não de forças sobrenaturais.
Enfim, o que compensa esse roteiro confuso são os enquadramentos caprichados do diretor de fotografia Sejal Shah. Assim, seu trabalho eleva a qualidade de A Maldição do Poço, apesar de que a iluminação não contribui para criar o clima assustador que o tema exige. Nesse sentido, há muita fumaça na tela, mas a fotografia parece tirar a profundidade das cenas, colocando toda a ação num primeiro plano, de forma bem artificial.
Por outro lado, a diretora Terrie Samundra não consegue colocar impacto nas cenas que deveriam aterrorizar. De fato, ela desperdiça a aparição da menina assombrada, construída com maquiagem, mostrando-a cedo demais e com muito tempo na tela.
A Maldição do Poço é mais um daqueles exemplos de filmes que surgem de uma ideia interessante que não foi bem desenvolvida. Apesar de tudo, o longa foi recomendado pelo roteirista Carlos Cuarón.
Ficha técnica:
A Maldição do Poço (Kaali Khuhi) 2020, Índia, 90 min. Direção: Terrie Samundra. Roteiro: David Walter Lech, Terrie Samundra, Rupinder Inderjit. Elenco: Sanjeeda Sheikh, Shabana Azmi, Riva Arora, Satyadeep Misra, Leela Samson, Hetvi Bhanushali, Rose Rathod. Distribuição: Netflix.