Pesquisar
Close this search box.
A Professora de Piano (2001)
[seo_header]
[seo_footer]

A Professora de Piano

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

Em A Professora de Piano, o diretor alemão Michael Haneke expõe na tela os distúrbios de comportamento de Erika Kohut (Isabelle Huppert). Ela é uma mulher de meia idade que vive sozinha com sua mãe, tendo ainda que dar satisfações quando chega tarde em casa. Erika é uma talentosa pianista, que ganha a vida como uma severa professora desse instrumento em um conservatório.

No entanto, incapaz de manter relações sexuais, ela canaliza seus desejos para opções não ortodoxas de prazer. Por exemplo, frequentando sex shops para assistir filmes pornôs nas cabines, onde coleta papéis com esperma para cheirar. Ou então, ao liberar seu prazer urinando enquanto observa outras pessoas transando. Essas práticas secretas, porém, representam apenas uma parte de sua personalidade doentia.

Quando o rapaz Walter Klemmer (Benoît Magimel) a conhece, se apaixona à primeira vista. Então, para poder continuar a vê-la, se torna seu aluno. Tenta seduzi-la e ela lhe proporciona um sexo oral e masturbação, sem deixar que ele chegue ao orgasmo, para que ele também sofra com a falta da plenitude do ato sexual. Com a intenção de chegar ao prazer máximo, ela exige de Walter uma relação sadomasoquista. A negação dele, incapaz de aceitar essa fantasia, provoca nele uma incontrolável revolta, que descamba para o estupro. O poder do sexo é alçado a um patamar extremo no filme, e sua privação provoca comportamentos violentos.

Violência

E, como efeito disso, Erika autoflagela sua vagina, como se essa mutilação pudesse afastar o sofrimento dela causado pelo órgão que se recusa a funcionar. Logo, sua brutalidade não fere apenas a ela mesma, mas também as pessoas ao seu redor. Por exemplo, quando Benoît demonstra carinho para uma das outras alunas de Erika, esta se vinga da menina colocando cacos de vidro no bolso de seu casaco, ferindo o órgão que permite a aluna tocar o piano e dali extrair seu prazer.

Mas, seja por inveja da menina por ter atraído o galanteio de Benoît, ou pelo fato de a garota ter sido aprovada para tocar em um auditório, o certo é que Erika age de maneira selvagem. Tal qual sua inaptidão para o sexo, a professora também não consegue se apresentar em público em um concerto. Por isso, precisa de uma válvula de escape para esconder sua mágoa por seus problemas. O final aberto revela a ligação entre essas duas frustrações, o sexo e a fama.

O diretor Michael Haneke força o espectador a encarar Erika e tentar analisa-la, através de frequentes planos que se fixam nela. Dessa forma, faz com que se observe sua reação diante da fala ou do ato do personagem que contracena com ela. Em vários planos, a câmera está tão próxima que se pode ver nitidamente as sardas no rosto da protagonista. Com isso, ela passa por um processo de desnudamento, apresentando cada vez mais seu eu interior. De início, conhecemos uma severa professora de piano. Depois, aos poucos, somos apresentados aos seus comportamentos inadequados.

A Professora de Piano escancara um comportamento perturbado, mas que não está longe de nós, mesmo que ainda não saibamos.

 

Ficha técnica:

A Professora de Piano (La Pianiste, 2001) Áustria/França/Alemanha. 131 min. Dir/Rot: Michael Haneke. Elenco: Isabelle Huppert, Annie Girardot, Benoît Magimel, Susanne Lothar, Udo Samel, Cornelia Köngden, Anna Sigalevitch, Thomas Weinhappel, Dieter Berner, Gabriele Schuchter.

Onde assistir:
A Professora de Piano (2001)
A Professora de Piano (2001)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo