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A Saga do Judô (filme)
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A Saga do Judô

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

A Saga do Judô marca a estreia na direção de Akira Kurosawa.

A estória acontece em 1882, ano 15 da Era Meiji no Japão. O jiu jitsu está perdendo sua primazia como modalidade de arte marcial principal do país, com o surgimento do judô. O filme conta essa mudança ao focar as lentes sobre o jovem Sugata Sanshiro.

Ele chega à cidade disposto a aprender o jiu jitsu. Mas, se impressiona ao presenciar um combate em que Shogoro Yano, um mestre do judô Shudokan, derrota  seis lutadores de jiu jitsu. Então, pede para Yano treiná-lo.

Kurosawa mostra um precoce talento ao demonstrar a passagem do tempo dessa cena para a seguinte através de uma montagem inteligente. Sanshiro desfaz-se de suas sandálias para conduzir o mestre Yano em um riquixá. A sequência mostra em detalhe uma dessas sandálias em diferentes situações sucessivas: pisoteada por pedestres, mordida por um cão, largada na chuva, jogada em cima de uma cerca, e, por fim, flutuando no rio até o local da sequência subsequente. Essa bela narrativa visual mostra o hiato temporal e territorial entre uma cena e a seguinte, sem precisar de nenhuma palavra. Ainda hoje, se emprega esse recurso – veja, por exemplo, a viagem do tufo de pêlo de Simba na versão live-action de O Rei Leão (2019).

A filosofia do judô

A Saga do Judô não trata apenas da luta em si, mas da filosofia dessa arte marcial. Por isso, acompanhamos Sanshiro percorrer a condução de seu aperfeiçoamento pelo seu mentor. O aprendizado físico é rápido, e logo o jovem se torna um dos mais fortes lutadores da região. Porém, ele passa por uma provação rigorosa para entender o caminho que deve percorrer na vida. E o início dessa reflexão começa com uma bela cena em que Sanshiro se joga num poço para provar que seria capaz de morrer por seu mestre. Depois de um longo tempo, ele reflete melhor, inspirado pela flor de lótus, e resolve se dedicar na busca do caminho.

Identificamos em A Saga do Judô outra característica que marcaria a filmografia de Kurosawa, que é o emprego dos fenômenos naturais para indicar o tom de uma cena. Em Rashomon (1950), a chuva torrencial aumenta os momentos dramáticos. Assim, no duelo final, uma forte ventania sopra no campo onde Sanshiro canta antes da luta, e ela se intensifica durante o combate.

Por outro lado, o judô é um esporte ingrato para o cinema. Afinal, ao contrário do boxe e de outras lutas marciais, no judô não há chutes ou socos que dão agilidade às cenas. Por isso, para conseguir tornar as lutas em A Saga do Judô empolgantes, Kurosawa recorreu a um pouco de fantasia. O judoca Sanshiro não derruba simplesmente seus adversários no chão, mas os arremessa para longe. Além disso, o diretor ainda intensifica a emoção ao alongar a troca de olhares dos lutadores nos duelos.

A Saga do Judô revela o nascimento de um dos maiores diretores que o cinema já teve. Akira Kurosawa filma com talento uma estória sobre um esporte que poucos ousaram levar para as telas.


Onde assistir:
A Saga do Judô (filme)
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