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A Vida de um Tatuado (filme)
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A Vida de um Tatuado

Avaliação:
9/10

9/10

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Crítica | Ficha técnica

Do diretor Seijun Suzuki sempre se espera um deslumbre visual cheio de estilo. Contudo, em “A Vida de Um Tatuado”, ele parece provocar o seu público, porque, até a parte final, o filme segue o padrão do cinema clássico, fora uma ou outra novidade. Na verdade, só no último terço finalmente reconhecemos a assinatura de Suzuki – um deslumbre de cores, luzes e cenografia.

A estória se passa no primeiro ano da Era Showa, nos anos 1930, quando duas clãs rivais entram em conflito. Para salvar seu irmão mais velho Tetsu, o jovem Kenji mata um dos membros da clã rival. Então, ambos resolvem fugir para a Manchúria, que o Japão invadiu. No caminho, perdem todo o dinheiro para um trapaceiro e começam a trabalhar em uma mineradora. Porém, Kenji se apaixona pela mulher do chefe. Além disso, reconhecem Tetsu como membro da Yakuza, mesmo escondendo seu corpo tatuado. No final, sob perseguição, precisam fugir ou lutar para sobreviverem.

Estilo clássico

Nos primeiros dois terços, a filmagem é convencional, o que surpreende por ser um filme do estiloso Suzuki. Alguns pontos, porém, se destacam.

O primeiro deles, que se estende até o final, é o detalhe dos sapatos vermelhos de um policial. No final, Suzuki trabalha esse elemento como uma surpresa, quando se desvenda quem realmente os calça. Então, Suzuki mostra como conseguiu conduzir o espectador a outra interpretação. Outro uso estilístico da linguagem cinematográfica encontramos no zoom rápido na cena do beijo de Kenji e Masayo, caracterizando o desconforto da situação.

Porém, o que mais chama a atenção são as inserções dos planos de um personagem se movimentando seguido de outro do mesmo personagem se movimentando na mesma direção. Aliás, é como se o editor tivesse errado e repetido os planos. Dessa forma, o filme revela uma certa inquietude na ação, quebrando o realismo das demais cenas.

Estilo Suzuki

Já na parte final, explode na tela todo o estilismo de Suzuki quando Tetsu enfrenta seus inimigos. Assim, luzes vermelhas se espalham no cenário para pontuar a violência da sequência. Agora, todo o realismo das duas primeiras partes cai por terra, dando lugar a fantásticas lutas coreografadas, inclusive com a improvisação de um guarda-chuvas como arma. Além disso, um travelling lateral pelas paredes de papel da mansão dos inimigos e as várias portas que se abrem em sequência caracterizam o labirinto que a arquitetura do local constrói para dificultar uma invasão. Aliás, vale notar que os disparos de revólver que provocam clarões na escuridão causam um impacto maior do que se fossem na luz normal.

Contudo, talvez o ápice do filme seja a cena em que Tetsu e o vilão duelam e a câmera está abaixo deles, em contra-plongée, num chão de vidro que não existe de verdade. Dessa forma, o diretor quebra a linha entre a fantasia e a realidade, sem com isso diminuir a emoção da ação. Definitivamente, algo que só quem tem talento consegue fazer. Aliás, Suzuki comprova ser mestre nisso.


A Vida de um Tatuado (filme)
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