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A Voz Suprema do Blues (filme)
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A Voz Suprema do Blues

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

O filme A Voz Suprema do Blues, produzido pela Netflix, registra a última atuação de Chadwick Boseman, falecido neste ano em 28 de agosto. O longa é uma adaptação da peça de August Wilson que tem o blues como pano de fundo.

Antes de tudo, vale esclarecer que A Voz Suprema do Blues não é um musical, apesar de a música estar no centro da trama. Na verdade, a origem teatral fala mais alto, e por isso o filme apresenta muitos diálogos, em conversas muito rápidas. Elas surgem durante uma sessão de gravação que dura um dia inteiro.

Chicago, 1927

Estamos em Chicago, 1927, quando a prestigiada cantora de blues Ma Rainey (Viola Davis) é contratada para gravar algumas músicas para um produtor branco que acredita que ganhará bastante dinheiro com elas. Como apoio, ela conta com uma banda essencialmente formada por músicos experientes, com exceção de Levee (Boseman).

Levee é um jovem trompetista talentoso que se deixa levar pela soberba. Apesar de ainda nem ter conquistado o sucesso, ele se acha superior aos outros colegas. Por isso, seu comportamento abusado leva a discussões com todos, até mesmo com a poderosa Ma Rainey.

A direção

A fim de evitar que A Voz Suprema do Blues se transforme em teatro filmado, o diretor George C. Wolfe procura aproveitar os recursos do cinema sempre que possível. Por exemplo, na abertura, há uma intensa sequência de montagem com planos curtos que descamba para um belo travelling numa rua de Chicago, levando aos músicos de apoio. Ao longo do filme, o diretor busca esses recursos para dar dinamismo ao filme, mesmo em cenas que acontecem em ambiente interno, ou seja, dentro do estúdio de gravação. E, quando cabe na narrativa, ele leva a cena para o exterior.

No intuito de compor o ambiente da época da estória, o filme realiza um ótimo trabalho com as roupas dos personagens, juntamente com o cenário e os itens de cena. Contudo, o maior destaque para isso é a fotografia dourada do filme, que, além de bela, remete ao final dos anos 1920.

Retrato social

Agora, o mais contundente em A Voz Suprema do Blues é o retrato social da época, em especial o tratamento aos negros, sob a perspectiva deles. Nesse sentido, à primeira vista Ma Rainey parece uma mandona folgada, chegada aos estrelismos. Por exemplo, ela se recusa a começar a gravar enquanto a produção não traz a Coca-Cola gelada que ela pediu. Porém, ao longo do filme, ouvimos os demais personagens contanto episódios sobre o preconceito que os negros sofrem e sofreram nos EUA.

Assim, essas histórias se entrelaçam para explicar a atitude de Ma Rainey. A cantora, por seu prestígio como artista, conquistou uma posição de poder singular nessa relação de negros com brancos. Por isso, ela faz uso desse poder para não se curvar aos brancos e ainda ser superior a eles. É assim que ela procura dar o seu recado aos brancos.

Por outro lado, o personagem Levee quer agir como Ma Rainey, mas ele ainda não conquistou o suficiente para merecer um tratamento especial. Ele, então, perderá a cabeça, sem noção da sua real posição. Como resultado, vende suas composições por um preço baixíssimo. E posteriormente, o produtor as grava com uma big band insossa formada exclusivamente por brancos. Definitivamente, esse personagem é essencial para criar um contrapeso nessa abordagem social. Em outras palavras, evita que o filme se torne uma visão unilateral que poderia dar a aparência de que todos os negros são bonzinhos.

Chadwick e Viola

Por fim, cabe destacar as interpretações de Chadwick Boseman e Viola Davis, que criam personagens que não são feitos para agradar ao público. De fato, eles possuem várias camadas e agem de uma forma que afasta qualquer unanimidade. Com isso, nos esquecemos totalmente das fortes personalidades que os dois atores possuem, para enxergamos apenas os personagens. Afinal, essa é a essência da atuação. Prêmios à vista, com certeza.


A Voz Suprema do Blues (filme)
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