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Adoráveis Mulheres

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

Em Adoráveis Mulheres, a diretora e roteirista Greta Gerwig sai de seu universo indie para abraçar o cinemão hollywoodiano. A sua adaptação do livro de Louisa May Alcott se apoia em dois eixos: o recorte das vidas das quatro irmãs March durante e após a Guerra Civil Americana, e o triângulo amoroso entre duas delas e o vizinho Laurie.

A estrutura do filme não é linear e intercala trechos de diversos momentos na linha de tempo da família March, desde jovens adultas até estarem perto dos trinta. Durante esse curto período de cerca de dez anos, muitos fatos marcantes acontecem. Nessa viagem pela linha do tempo, Adoráveis Mulheres exige esforço do espectador para identificar em qual ponto da estória está a cena em tela, pois Greta Gerwig não facilita essa caracterização, o que torna cansativa a experiência e assistir ao filme, considerando a proposta de ser uma produção para o grande público.

O enredo

Antes da Guerra da Secessão, os March possuíam uma situação econômica confortável. Mas, agora, o pai foi para a batalha ao lado dos confederados, e a mãe (papel de Laura Dern) e suas quatro filhas precisam se adaptar à nova condição. Socialmente, ainda convivem com a classe rica, como a tia (vivida por Meryl Streep) e a família vizinha, onde vive Laurie (Timothée Chalamet), pivô do triângulo amoroso envolvendo as irmãs Jo (Saoirse Ronan) e Amy (Florence Pugh).

Cada uma das irmãs possui um talento. A mais velha, Meg (Emma Watson), representa a tradicional mulher da época, bonita e preocupada em se casar. Beth (Eliza Scanlen) é a caçula, de saúde frágil e bondade imensa, com aptidão para tocar piano. A estória se concentra na personagem Jo, alter-ego da autora do livro que deu origem ao filme. Jo é a mulher à frente de seu tempo, que não quer depender de um homem para sustentá-la. Seu objetivo não é se casar, nem mesmo amar um homem, mas ganhar a vida com seu talento como escritora. Mas ela não é a única a proferir discursos feministas em Adoráveis Mulheres. Amy (Florence Pugh), que adora pintar, também defende sua posição – ela não é contra o casamento, mas demanda seu direito de escolha.

Pequenas doses

Adoráveis Mulheres divide sua duração em pequenas doses de cada uma das personagens, incluindo a da mãe. Essa obrigação de garantir o mínimo de profundidade a todas enfraquece o interesse pelo filme, porque a diretora Greta Gerwig não optou pelo ensemble cast, que significaria considerar os personagens como um grupo, dando igual importância a todos. Ao se de dedicar principalmente a Jo, Amy e Laurie, protagonistas do triângulo amoroso, as passagens que mostram o que se passa com Meg, Beth e a mãe parecem um pouco forçadas, inserias apenas para completar a tabela.

Por outro lado, Adoráveis Mulheres consegue construir três protagonistas muito interessantes e multifacetados. Além de Jo e Amy, Laurie também possui um arco dramático consistente. Todas as irmãs o consideram um grande amigo, principalmente Jo. Mas, Laurie deseja dela mais que amizade, se apaixona, mas não é correspondido devido à obstinação de Jo em ser uma mulher independente. Então, ele acaba se tornando um adulto amargurado e socialmente desagradável. Enquanto isso, quem sempre esteve apaixonado por ele é Amy. Entre arrependimentos e desilusões, o tempo definirá o destino de cada um.

Problema com Jo

Há um problema com a personagem principal. Jo luta tanto para ser independente, mas desiste de seus ideais com o tempo. A solidão a faz mudar de opinião quanto ao casamento. Uma morte na família e a desilusão amorosa alimentam sua inspiração e obstinação para escrever seu livro baseado em suas experiências. Porém, Jo cede aos apelos comerciais do editor quando negocia para publicá-lo. Entre outras solicitações, aceita colocar um final feliz na sua obra.

À medida que Adoráveis Mulheres se aproxima de sua conclusão, torcemos para que a diretora Greta Gerwig não faça como sua protagonista que se sujeitou ao final feliz por ter maior apelo comercial. Esperamos que, devido ao seu background no cinema independente, ela nos surpreenda. Porém, os dois únicos suspiros de ousadia encontramos somente nas cenas em que Jo e, depois, o editor olham para a câmera narrando o que escreveram nas cartas que trocaram entre si.

Adoráveis Mulheres agradará a quem busca a emoção conduzida pelas fórmulas do cinema clássico, em especial do drama romântico, apesar de exigir o esforço no posicionamento de cada cena na linha do tempo da sua narrativa.

Deixe de lado qualquer expectativa por ousadia. Ladybird bateu suas asas e voou para longe.

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Ficha técnica:

Adoráveis Mulheres (Little Women, 2019) EUA. 135 min. Dir/Rot: Greta Gerwig. Elenco: Saoirse Ronan, Emma Watson, Florence Pugh, Eliza Scanlen, Laura Dern, Thimotée Chalamet, Tracy Letts, Meryl Streep.

Distribuição: Sony Pictures Brasil

Trailer:
Onde assistir:
Adoráveis Mulheres (filme)
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