Surgiu uma leva recente de filmes policiais franceses muito bons. São violentos, como o gênero pede, mas sem apelação barata, e com cenas de ação old school. Ou seja, derivadas de trabalhosos ensaios que resultam em coreografias executadas à perfeição, bem mais empolgantes do que o truque de montar uma sequência com uma grande quantidade de planos curtíssimos. Bala Perdida (Balle Perdue, 2020) e sua sequência de 2022, Um Dia Difícil (Sans répit, 2022) e Bac Nord (2020) são alguns desses representantes de destaque dessa safra. Este Agente Infiltrado se junta a esse grupo.
Mas seu início não é promissor. O prólogo, que se passa na Líbia, revela um protagonista com um currículo que virou clichê na produção hollywoodiana contemporânea: Adam Franco é um agente militar extremamente habilidoso e letal. Além disso, para ele, ordem dada é ordem cumprida, questões morais ficam de lado. Isso posto, de volta à França, Adam aceita uma nova missão, que consiste na narrativa deste filme.
Assim, para ajudar a polícia a localizar o suspeito de um ataque terrorista, Adam se infiltra na gangue de um poderoso mafioso. Durante essa tarefa, precisa defender esse grupo criminoso de seus inimigos. Mas, no processo, acaba deixando seu coração duro se abrir para o menino filho do chefão. À parte as batalhas pelo poder, o filme ainda abre espaço para a crítica política ao intervencionismo francês na África, insinuando interesses ilegítimos nessas operações.
Entretenimento fantasioso mas crítico
O ator Alban Lenoir interpreta aqui esse anti-herói imbatível, tão durão quanto os personagens típicos de seu equivalente norte-americano Jason Statham. Nesse sentido, seus golpes derrubam os mais fortes dos oponentes, seus tiros sempre acertam o alvo e sua resistência parece quase absoluta. Ou seja, em relação a isso, o filme não é nada realista, mas as cenas bem filmadas pelo diretor Morgan S. Dalibert (diretor de fotografia de Bala Perdida) dão vazão a uma diversão fantasiosa tão empolgante quanto as que aceitamos nas aventuras do agente britânico James Bond.
Em complemento, Agente Infiltrado se diferencia por ser um entretenimento escapista com um pé na crítica política. Além disso, a conclusão foge do maniqueísmo. Aqui, não é possível distinguir os heróis dos bandidos. Por tudo isso, encontramos aqui mais um acerto da produção francesa atual dentro do gênero policial.
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Ficha técnica:
Agente Infiltrado | AKA | 2023 | 122 min | França | Direção: Morgan S. Dalibert | Roteiro: Morgan S. Dalibert, Alban Lenoir | Elenco: Alban Lenoir, Eric Cantona, Thibault de Montalembert, Sveva Alviti, Saidou Camara, Lucille Guillaume, Kevin Layne, Philippe Résimont, Vincent Heneine, Nathalie Odzierejko, Noé Chabbat.