Quando o artista visual JR realizou Visages, Villages (2017), em codireção com Agnès Varda, a paisagem urbana ganhou significados novos. Em Alegoria Urbana, tendo Alice Rohrwacher como parceira na direção, o olhar de JR se entrelaça com a narrativa.
O curta-metragem acompanha um menino de sete anos, Jay, e sua mãe, que se apressam pelas ruas de Paris para que ela não perca uma audição de dança. Chegando lá atrasada, o diretor da peça conta ao menino a alegoria da caverna de Platão. A questão: “O que aconteceria se um dos prisioneiros conseguisse libertar-se das correntes e escapar da caverna?” afeta profundamente Jay.
O garoto sai sozinho do teatro e, na rua, descasca a fachada de um prédio, e descobre lá dentro uma caverna. Aprofundando-se ainda mais nessa fantasia, ele consegue ver uma grade de pequenos prisioneiros, imagem que reverbera o que ele via através de seu caleidoscópio que se quebrou no caminho para a audição. A analogia com o mito da caverna se expande por outras construções, até que no final o menino pede ao espectador que também ouse sair da caverna.
O pé no fantástico de Alice Rohrwacher e o olhar artístico de JR resgatam para a atualidade a alegoria da caverna, devidamente rebatizando-a de Alegoria Urbana.
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Ficha técnica:
Alegoria Urbana | Allégorie Citadine | 2024 | França | 21 min. | Direção: JR, Alice Rohrwacher | Roteiro: JR, Alice Rohrwacher | Elenco: Naïm El Kaldaoui, Lyna Khoudri, Leos Carax, Félix Martinez.
Distribuição: Filmes da Mostra.
Naïm El Kaldaoui em “Alegoria Urbana” (divulgação/Filmes da Mostra)
