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Um Fascinante Novo Mundo (filme)
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Um Fascinante Novo Mundo

Avaliação:
6/10

6/10

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Crítica | Ficha técnica

Um Fascinante Novo Mundo revela o sofrido destino de mulheres à frente de seu tempo.

No filme, Abigail narra um episódio marcante de sua vida que começa no primeiro dia de 1856, no interior do estado de Nova York. Sua voz revela a tristeza pela morte recente de sua filhinha única, agravada pela vida paupérrima ao lado do marido Dyer. Desgraçadamente, a fazenda deles ainda não produz o suficiente, e o inverno não dá trégua. Para piorar, a relação do casal esfriou após a perda da criança.

Então, uma faísca desperta uma chama ainda desconhecida em Abigail, quando chega a nova vizinha Tallie, acompanhada de seu marido Finney. Logo, a radiante e descolada Tallie faz uma visita e se apresenta à introspectiva vizinha. Em pouco tempo, a amizade cresce e se transforma em uma paixão intensa.

Porém, as duas mulheres deixam de cumprir suas obrigações como esposas segundo os costumes da época. Assim, os maridos protestam. Dyer, com relutância, aceita que Abigail, execute pelo menos as tarefas domésticas. Já o agressivo Finney exige de Tallie também os seus deveres na cama.

Elenco

Acima de tudo, o filme transmite uma sensação de melancolia durante toda a sua duração. Afinal, o fio condutor da história é a narração de Abigail, composta por versos tristes que ganham uma leitura em tom baixo e, deliberadamente, desanimado da atriz Katherine Waterston. Aliás, ela transmite com naturalidade as características de sua personagem inibida e travada demais para buscar o que seu inconsciente demanda para sua felicidade.

Provavelmente, você se lembre de Katherine Waterston por Animais Fantásticos e Onde Habitam (2016) e Alien: Covenant (2017). Porém, ela esteve também em Logan Lucky: Roubo em Família (2017), A Batalha das Correntes (2017) e Anos 90 (2018), entre outros.

Por outro lado, Vanessa Kirby constrói a personagem que é o oposto de Abigail. Após se destacar como a sofrida mãe em Pieces of a Woman (2020), papel que lhe rendeu uma indicação ao Oscar, aqui ela surpreende como a animada Tallie. De fato, Vanessa Kirby está radiante, permitindo que sua beleza deslumbrante contraste com a opaca figura física da amiga Abigail.

Por sinal, sua protagonista exige mais do que a de Katherine Waterston, pois Tallie passa por uma transformação radical, diante da opressão do marido. Adicionalmente, a fotografia na cena em que Tallie escreve uma carta na sua nova casa reforça a presença iluminada da atriz.

Direção de Mona Fastvold

Este é o segundo filme da diretora norueguesa Mona Fastvold – seu filme anterior foi O Sonâmbulo (2014), uma coprodução da Noruega e EUA, que também contava com o ator Christopher Abbot, que em Um Fascinante Novo Mundo interpreta Finney. Aqui, Mona Fastvold consegue construir e manter o tom melancólico durante todo o filme. Além da narração e interpretação de Katherine Waterston, contribuem para isso a predominância das paisagens isoladas e cobertas de neve, bem como a presença de Casey Affleck, ator que tem se destacado nesse gênero. Por exemplo, em Manchester à Beira-Mar (2016), que lhe deu um Oscar, e A Luz No Fim Do Mundo (2019), filme que ele mesmo dirigiu.

Pontos fracos

Contudo, nem tudo funciona bem em Um Fascinante Novo Mundo.

Primeiro, a trilha sonora traz uma carregada reprodução de ruídos esquisitos, que aproximam o filme do gênero suspense, o que ele definitivamente não é. Ademais, isso entrega que haverá um desfecho trágico.

Um outro ponto que prejudica o filme tem a ver com a perspectiva. A narração onipresente por parte da protagonista Abigail torna o espectador cúmplice de seus pensamentos e sentimentos. Dessa forma, a trama pede por essa percepção unidimensional. Com ela, o público compartilharia a agonia que Abigail sofre por não receber notícias de Tally. Porém, o filme troca para a perspectiva da amiga, e desvenda essa dúvida ao expor na tela sua intimidade com o marido após a mudança de casa. Se não fosse por isso, o clímax dramático se tornaria bem mais envolvente do que como está no filme.

Além disso, Um Fascinante Novo Mundo priva o público de compartilhar os únicos momentos de alegria e prazer das protagonistas. Talvez por medo de mostrar cenas de lesbianismo mais ousadas, a diretora opta por expor a consumação das várias relações sexuais em uma rápida colagem de flashbacks, perto da conclusão. Com isso, desperdiça a oportunidade de explorar o potencial dramático da história. Afinal, esses trechos demonstrariam o quanto elas estavam apaixonadas.

Em suma, Um Fascinante Novo Mundo traz um interessante retrato de mulheres inconformadas em se limitar aos papéis que a sociedade da época lhes impõe. Como costumamos dizer, elas estavam à frente de seu tempo. Porém, o filme não consegue ser tão emocionante quanto poderia ser.


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