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Alemão 2 (filme)
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Alemão 2

Avaliação:
6/10

6/10

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Crítica | Ficha técnica

Alemão 2 chega aos cinemas brasileiros oito anos após o seu antecessor, Alemão (2014). José Eduardo Belmonte novamente assume a direção, com produção da mesma RT Features de Rodrigo Teixeira. Os roteiristas, porém, são outros. Marton Olympio e Thiago Brito entram no projeto com a missão de eliminar as críticas que o primeiro filme recebeu em relação ao tratamento dado aos personagens negros. Por isso, agora escalam melhor essa representação, bem como a das mulheres.

Assim, em Alemão 2, temos uma personagem negra (a delegada Amanda, vivida por Aline Borges) em cargo de chefia, um policial honesto e corajoso (Bento, papel de Danilo Ferreira), e uma enfermeira que ajuda os policiais, interpretada magistralmente pela veterana Zezé Motta. Até mesmo o atual chefão do morro do Alemão é negro, o Soldado (Digão Ribeiro). Aliás, ele é devidamente humanizado na história, quando coloca sua família acima de seus outros interesses.

Da mesma forma, a representação feminina ganha força com a protagonista Freitas (Leandra Leal). Ela atua no front com uma atitude mais digna do que seu colega Ciro (Gabriel Leone), um machão esquentado e inconsequente. Antes disso, logo no início, esse viés da mulher forte se destaca na voz da menina que é filha de Soldado. “Cadê a minha princesa?”, saúda o pai quando chega em casa. E ela responde: “Princesa não, guerreira!”. Aliás, a única personagem do primeiro filme que continua na sequência é uma mulher e negra. É Mariana (Mariana Nunes), que era a ex-namorada do Playboy, o chefão do morro naquela época. Agora, ela começa a namorar o policial Bento.

O que está no filme

No entanto, parte dessa intenção acaba virando retórica no filme. Mariana, a mulher de Soldado e sua filha guerreira atravessam a história acuadas e indefesas, e quem as salva são personagens masculinos (Bento e Soldado). Até mesmo uma crítica política contra o governo atual, tão alardeada pelos atores e pela equipe na coletiva de imprensa em São Paulo em 23/03/2022 (assista aqui), aparece muito timidamente em Alemão 2. Basicamente, na rápida cena real de uma comemoração pela vitória do atual governante do país. De fato, similar impressão temos em relação à intenção de denunciar a realidade da abordagem policial nas comunidades.

Quanto à trama, Alemão 2 se inicia a partir do instante em que parou o filme de 2014. Após a fuga de Playboy, a polícia persegue os bandidos do morro. Nisso, o policial Machado (Vladimir Brichta) se depara cara a cara com Soldado (ainda um reles membro da gangue do Playboy). Ambos se enfrentam de arma em punho e Machado tenta convencer o bandido a se entregar. Mas, quando Amanda interrompe abruptamente, os dois disparam e se ferem com gravidade.

Então, a história se inicia de fato oito anos depois. Soldado agora é o novo chefão do morro, mas uma briga pela liderança está prestes a acontecer. Os caminhos dos inimigos que conhecemos no prólogo voltam a se cruzar. Machado é convocado para a missão de prender Soldado vivo, sem disparar armas, entrando na comunidade à paisana, junto com dois policiais, Ciro e Freitas. Eles conseguem, mas um novo chefão do crime assume imediatamente a vaga de Soldado, e todos os quatro viram alvo da milícia. Assim, o que move a narrativa é a tentativa desse grupo de sair ileso do Morro do Alemão.

A direção

Por um lado, o roteiro conserta o politicamente incorreto (que à época tinha menor força) do primeiro filme. Mas, por outro, a direção de José Eduardo Belmonte insiste nos mesmos erros. Novamente, nas cenas de ação o filme abusa dos cortes rápidos demais, e ninguém consegue entender o que acontece na tela. De novo, como no filme anterior, um dos personagens principais morre e nem percebemos que isso acontece, desperdiçando o efeito dramático desse acontecimento.

Além disso, em Alemão 2, há uma busca pela estilização através de closes extremos, desfoque e fotografia escura igualmente em doses exageradas. E, ainda, elipses erradas, que não completam ou não explicam a ação e provocam desconforto no espectador. Por exemplo, durante a fuga inicial, o policial Ciro solta a escada que está na sua caminhonete, para atrapalhar os traficantes que os perseguem numa moto. No entanto, o filme não mostra os bandidos desviando desse obstáculo. Da mesma forma, não vemos o esquadrão de resgate se aproximando do local do confronto final, o que também desperdiça uma boa oportunidade de sequências paralelas.

Alemão 2 fica no meio do caminho entre um grande filme policial e um filme-denúncia sobre as condições duras dos moradores das comunidades.


Alemão 2 (filme)
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