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Alguma Coisa Assim (filme)
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Alguma Coisa Assim

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

Alguma Coisa Assim virou longa-metragem após a boa repercussão do curta homônimo de 2006, premiado como melhor roteiro no Critic’s Week do Festival de Cannes. Levou tempo, basicamente o mesmo intervalo dos momentos captados no filme. Porém, a dupla de diretores/roteiristas Esmir Filho e Mariana Bastos se juntou aos atores principais Carolina Abras e André Antunes para concretizar o longa. Nesse intervalo, realizaram ainda um novo curta, Sete Anos Depois (2014), que também faz parte desse projeto.

Um enredo de dez anos

O filme acompanha três momentos na vida de Mari e Caio, intercalados na narrativa. O primeiro se passa em 2006, e trata, essencialmente, do descobrimento da sexualidade de Caio, que dá seu primeiro beijo gay numa balada na Rua Augusta, em São Paulo. Esse passo importante conta com o incentivo da sua melhor amiga Mari. Depois, em 2013, Caio se casa com seu namorado. Por fim, em 2016, Caio se encontra com Mari, que está morando em Berlin, e um desafio inédito testará a amizade dos dois.

Sexualidade

Amadurecimento e sexualidade são os dois temas principais de Alguma Coisa Assim. E, como não poderia ser diferente, eles atuam simultaneamente nos personagens.

A personagem Mari tem a mente aberta em relação à sexualidade. Como ela própria afirma, ela não acredita no casamento, e prefere o relacionamento livre, sem amarras. Da mesma forma, encara numa boa, e até incentiva, a opção sexual de Caio. No entanto, o filme indica que ela se ressente por não poder levar essa amizade tão forte a um outro nível. Isso se nota porque ela sempre se afasta quando ele está com algum parceiro. E, mais ainda, quando a trilha sonora se torna ruidosa nesses trechos.

Por outro lado, Caio é mais conservador. Hesita em sair do armário, e mesmo depois de se assumir, não curte ficar com qualquer um. Isso fica claro quando ele se recusa a beijar o paquera de Mari em Berlin.

Então, essa diferença essencial de caráter detona a drástica discussão entre Mari e Caio, diante da inesperada gravidez. Afinal, Mari não considera outra opção senão o aborto, enquanto Caio, em suas pesquisas profissionais, até estudava alternativas de um casal gay ter filhos. Esse conflito se conecta com o outro tema, o do amadurecimento, que permeia todo o filme.

Amadurecimento

Em 2013, os dois observam a demolição daquela balada que deu início ao filme. É uma cena emblemática, que denota o fim de qualquer resquício da adolescência dos protagonistas. De fato, marca que eles agora são adultos, e, por isso, nessa época surge o casamento de Caio, como reflexo imediato, talvez premeditado, dessa nova fase.

Além disso, o amadurecimento dita o tom do filme. Na primeira parte, o tom é leve, acompanhando o sentimento descolado e livre dos jovens protagonistas. O futuro repleto de possibilidades motiva essa atitude vibrante. No entanto, o filme sofre uma virada, presente desde a transa dos dois amigos sob o efeito de drogas. Ao lado da sensualidade, esse transe sexual tem ao fundo uma música que destoa do clima, um prenúncio do motivo que causará a primeira crise entre os dois grandes amigos.

A partir de então, o futuro parece mais restrito. Não só a gravidez, que determina o devir, independentemente de qual será a decisão em relação ao aborto. Mas, outros aspectos orbitam a vida deles, desequilibrando a situação de conforto. Nesse sentido, Mari precisa sair do apartamento onde mora e descobre que o seu paquera alemão tem um filho. Em outra cena significante, os dois atravessam uma parada gay sem nem se importarem com o clima festivo. Ou seja, a vida adulta exige outra atitude além da diversão.

O momento climático

O clímax emocional é tenso, uma discussão de relacionamento visceral, onde todas as mágoas surgem à tona.  Lembra a briga entre os personagens de Adam Driver e Scarlett Johansson no posterior História de um Casamento (2019). Aliás, com atuações brilhantes dos protagonistas desses dois filmes. Caroline Abras e André Antunes, em Alguma Coisa Assim ainda se fortalecem por participarem desse projeto desde 2006, daí terem a bagagem emocional de seus personagens sedimentada em suas interpretações.

Aliás, o filme possui uma vibração, um ambiente e protagonistas que fazem lembrar de 45 Dias Sem Você (2018) e Música Para Morrer de Amor (2019). De fato, essa semelhança não é totalmente uma coincidência. Afinal, o diretor desses dois filmes, Rafael Gomes, faz parte da turma dos cineastas Esmir Filho e Mariana Bastos. Juntos, os três dirigiram o curta Tapa na Pantera, em 2006.

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Ficha técnica:

Alguma Coisa Assim (2017) Brasil/Alemanha, 80 min. Direção e roteiro: Esmir Filho, Mariana Bastos. Elenco: Caroline Abras, André Antunes, Clemens Schick, Knut Berger, Juliante Elting, Lígia Cortez, Vera Holtz.

Vitrine Filmes

Trailer:
Onde assistir:
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