Poster de "Alice no País das Trevas"
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Alice no País das Trevas

Avaliação:
5/10

5/10

Crítica | Ficha técnica

Alice no País das Trevas (Alice in Terrorland) não se encaixa como uma versão do livro “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll. O mais apropriado é afirmar que essa famosa obra infantil possui papel essencial dentro do filme.

A adolescente Alice (Lizzy Willis) perde os pais num incêndio e vai morar com a avó Beth (Rula Lenska), que mora isolada na floresta e ainda não conhecia a neta. O processo do luto está sendo difícil para Alice, e a avó tenta ajudá-la com seus chás especiais e lendo para ela o livro “Alice no País das Maravilhas”. Segundo Beth, naquele local morou o próprio autor Lewis Carroll e Alice ganhou esse nome por causa disso.

Alice se sente febril, e começa a ter alucinações envolvendo os personagens do livro. Mas, seria realmente uma alucinação ou seres sobrenaturais que querem alertá-la do perigo que ela corre? Nesse sentido, a avó seria como a vilã Rainha Vermelha? Ou o terror está relacionado ao local, onde aconteceram assassinatos em série, canibalismo e que funcionou uma instituição para loucos?

Qual o terror da vez?

Isso tudo surge como possibilidades, mas no fundo evidenciam que o filme atira para todos os lados. O caminho mais assustador traz um serial killer canibal que raptou e comeu a carne de uma menina. Isso levaria o filme para um terror na linha de Quadrilha de Sádicos (The Hills Have Eyes, 1977), de Wes Craven, e afins, e o tornaria incrivelmente amedrontador. Mas, a trama abandona essa linha narrativa, e esse trecho fica até deslocado da estória.   

Nessa hipótese do canibalismo, a vítima tem uma irmã. Uma delas tem um jeito bem sombrio, bem assustador mesmo, mas a outra não consegue obter esse efeito. E, justamente essa menos sombria é que fica mais tempo na tela, na cena em que ela aparece como uma paciente do manicômio falando com Alice, nesse trecho como uma psicanalista. Uma cena longa demais, que tenta provocar medo com as caretas e explosões de loucura da paciente. Da mesma forma, Alice também conversa por vários minutos com o Chapeleiro Maluco, que igualmente tenta em vão assustar com seus chiliques. Mas, esses personagens não representam uma ameaça para a protagonista. Então, não teriam mesmo como assustar.

A tese que prevalece é a mais racional – e, portanto, a menos assustadora. Um crime meticulosamente premeditado, e não forças sobrenaturais. Nesse plano, o livro de Lewis Carroll tem papel fundamental. Essa solução gera, pelo menos, um jump scare bem eficiente na parte inicial, dentro de uma alucinação de Alice que prevê quem é a pessoa má na trama. Mas, não rende mais que isso. Para piorar, na parte final o filme explica verbalmente o que era esse plano, ao invés de mostrar através do enredo. Um desperdício, pois essa trama podia gerar um bom suspense.

O diretor Richard John Taylor

Na direção, Richard John Taylor insiste bastante em alguns recursos específicos, talvez para criar uma marca autoral. Entre eles, os planos detalhes, predominantes durante todo o filme, e muitas vezes com imagens indecifráveis. Mas que ajudam a criar um clima de expectativa pelo pior, pois vêm acompanhados de ruídos estranhos. Taylor também explora as florestas, com música arrepiante ao fundo, apesar de que isso não faz muito sentido para o enredo, já que a ação se passa toda dentro da casa. Repete-se bastante o truque do grito abafado, quando na tela um personagem grita mas o som está mudo.

Às vezes, a busca pelo terror soa forçada, porque não reflete na estória. Por exemplo, a mão que agarra de repente o pescoço de Alice. Em outros momentos, o diretor erra mesmo, como na longa duração da cena com Alice em câmera lenta cambaleando por sentir os efeitos de uma droga.

Além disso, Alice no País das Trevas ainda traz um excesso de narração literária no final. Como se, com isso, garantisse um tom de seriedade e de classe para o filme. É claro que não é suficiente.

É possível encontrar uma tentativa de autorismo por parte do diretor de Alice no País das Trevas. Porém, inconsistente, e por vezes deslocado da narrativa. Como resultado, acaba não se definindo pelas opções que poderiam render um terror mais forte.

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Ficha técnica:

Alice no País das Trevas | Alice in Terrorland | 2023 | Reino Unido | 77 min | Direção: Richard John Taylor | Roteiro: Richard John Taylor | Elenco: Rula Lenska, Lizzy Willis, Jon-Paul Gates, Steve Wraith, Triana Terry, Leone Kessel, Lacey Bond.

Distribuição: A2 Filmes.

Assista ao trailer do filme aqui.

Onde assistir:
Garota adolescente sentada à mesa com uma xícara de chá na mão
Cena de "Alice no País das Trevas"
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