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Poster do filme "Sexy Beast"
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Sexy Beast

Avaliação:
6,5/10

6,5/10

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Crítica | Ficha técnica

Antecipando-me a Zona de Interesse (2023), que colocou Jonathan Glazer em destaque, percorri sua filmografia de longas em ordem inversa. Assim, passei pela ficção-científica Sob a Pele (2013), pelo suspense Reencarnação (2004), e agora chego a sua estreia Sexy Beast (2000).

Seu primeiro longa parece derrubar minhas tentativas de construir evidências de um diretor autoral. Nem a forma (destaque na sua sci-fi), nem o tema (ponto forte de seu thriller) se confirmam neste seu debut. Sexy Beast chama a atenção pelo seu tom. Anarquia pura, o filme traz personagens e situações maiores que a vida, que beiram o caricato.

A trama de “Sexy Beast”

O protagonista Gal (Ray Winstone) é um bandido inglês que resolveu se aposentar. Comprou uma bela casa no deserto da Espanha, onde mora com Deedee (Amanda Redman), uma ex-atriz pornô. Ele passa os dias torrando à beira de sua piscina, e costuma ter a companhia de um casal de amigos britânicos. Jonathan Glazer apresenta o personagem acentuando exageradamente seu modo de vida. De sunga amarela, já vermelhaço de tanto sol, Gal fala e se move lentamente, dando ordens a um garoto local que é seu empregado. E tudo fica ainda mais absurdo quando uma enorme rocha despenca da montanha atrás da casa e cai na piscina, quase matando o dono da casa. O incidente serve para indicar que a tranquilidade do protagonista está prestes a ser interrompida. É um expediente comum no cinema, mas geralmente não assim tão espalhafatoso. Está aí o toque autoral de Jonathan Glazer, sua urgência pelo não-convencional.

Quem interrompe a paz de Gal é o violento Don Logan (Ben Kingsley), encarregado de contratá-lo para um novo serviço. Gal não quer mais saber de trabalhar, mas, no submundo, quem entrou não pode sair quando der vontade. A primeira metade do filme envolve essa tensa relação de convencimento que, a qualquer momento, pode explodir em violência. Excelente ator, Ben Kingsley encarna esse imprevisível gangster, tornando-o verdadeiramente ameaçador. O papel, aliás, valeu a Kingsley uma indicação ao Oscar de melhor ator coadjuvante.

Na segunda metade do filme, acontece o roubo. Fugindo do lugar comum, Jonathan Glazer constrói uma montagem muito recortada, desnecessariamente difícil de compreender. É o momento mais fraco de Sexy Beast, que só recupera a emoção nos acontecimentos após o golpe.

Um policial

Portanto, é um filme irregular. Toda sua potência se concentra na primeira metade. Inclusive com algumas imagens delirantes que não havia mencionado antes. Por exemplo, Gal e Deedee se beijando dentro da água, e a cena, com filtro azul, do protagonista almoçando em uma mesa chique no meio do campo. Que dizer, então, do coelho antropomórfico que aterroriza Gal? Mas, depois que Ben Kingsley sai de cena, Sexy Beast se torna chato, e só retoma o fôlego quando outro grande ator inglês, Ian McShane, surge na tela interpretando uma nova ameaça para o personagem principal.

Em suma, finalizando a minha lição de casa, fica a conclusão de que Jonathan Glazer não é autoral por conta de uma imagética fantástica, ou por temas estranhos. Mas pela sua priorização pelo não convencional, marca que persiste em sua carreira de quatro filmes de gêneros diferentes.

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Ficha técnica:

Sexy Beast | 2000 | 89 min | Reino Unido, Espanha, EUA | Direção: Jonathan Glazer | Roteiro: Louis Mellis, Ian McShane | Elenco: Ray Winstone, Ben Kingsley, Ian McShane, Amanda Redman, Cavan Kendall, James Fox, Julianne White, Álvaro Monje.

Onde assistir:
Homem de óculos escuros e sunga.
Cena do filme "Sexy Beast"
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