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Almas Mortas (filme)
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Almas Mortas

Avaliação:
8/10

8/10

Crítica | Ficha técnica

Almas Mortas marca o apogeu da admiração do diretor William Castle por Alfred Hitchcock.

William Castle (1914-1977) realizou dezenas de filmes B. Alguns como diretor, outros como produtor. E transitou por vários gêneros, principalmente aventura, policial e faroeste. A partir do final dos anos 1950, se dedicou ao suspense e terror. O que não foi uma surpresa, pois Castle admirava Hitchcock. Aliás, até o imitava, aparecendo nos trailers para promover seus filmes.

E Castle adorava recorrer a engenhocas na promoção de seus filmes. Por exemplo, utilizou o 3D, cadeiras que tremiam ou que davam pequenos choques elétricos, bem como uma caveira que voava sobre a plateia.

Quando Hitchcock lançou Psicose, parecia que o mestre imitava o seguidor. Ao invés das grandes produções, nesse filme Hitchcock realizava um filme B. Então, diante do estrondoso sucesso de bilheteria de Psicose, William Castle contratou o roteirista Robert Bloch, que é o autor do livro que deu origem àquele filme.

Como resultado, Robert Bloch escreveu um roteiro com vários pontos em comum com Psicose. E, nas mãos do diretor William Castle, esse roteiro ficou ainda mais próximo ao filme de Hitchcock.

A estória

Jána abertura, Almas Mortas evidencia seu tom violento. Um grito feminino e a notícia do crime: Lucy Harbin mata com um machado o marido e a sua amante. Em seguida, o filme conta como aconteceu esse duplo assassinato, através de uma voz de mulher que narra o ocorrido. Na fase final de sua carreira estrelar, Joan Crawford chega de trem num vestido justo e com um jazz insinuante ao fundo. Ela interpreta, com sensualidade, a mulher que praticará o crime dali a minutos, tendo como testemunha sua filha Carol, ainda uma criança.

Tal como em Psicose, a cena do assassinato é violentíssima, mesmo sem mostrar os golpes fatais. Lucy Harbin pega um machado e golpeia várias vezes os amantes que estão na sua cama. Porém, na tela, vemos apenas as sombras. Ao mesmo tempo, o som e a música completam a percepção da brutalidade do ato.

O roteiro retoma a estória 20 anos depois. A menina Carol já tem namorado e pensa em se casar. E Lucy Harbin finalmente sai do manicômio, onde cumpriu pena, e vai morar com a filha na casa do irmão e da cunhada. Porém, o estado mental de Lucy é frágil, e ela sofre alucinações e momentos de paranoia. Logo, começam a acontecer assassinatos em série, que o espectador presencia, mas que permanecem escondidos para os demais personagens.

Clímax do filme

O clímax dramático acontece quando Carol leva Lucy para conhecer os pais do namorado. Como a família dele é de alta classe, não aceita o passado criminoso de Lucy. Assim, surge uma discussão acalorada. Aliás, a atuação de Joan Crawford nessa cena é magnífica, revelando a faceta destemida da sua personagem, que não aceita esse preconceito. Dessa forma, impressiona como a atriz consegue expressar esse lado tão diferente da mesma personagem que, até então, era uma mulher fragilizada e instável.

Na verdade, Joan Crawford já havia impressionado ao se transformar na sedutora mulher madura, quando se insinua para o namorado de sua filha. Duplamente, essa cena choca tanto pela atitude da personagem como pela interpretação da atriz.

Como recurso de direção, William Castle utiliza muitas sombras, que são essenciais para criar o suspense, já que o diretor evita a violência gráfica. Então, as sombras entram nas cenas como a presença do serial killer prestes a atacar. O uso dos animais da fazenda também se destaca. Primeiro, a galinha morta com um machado para virar comida remete Lucy ao crime que cometeu há 20 anos. Depois, há o porco que grita no lugar da vítima do assassinato.

Adicionalmente, Castle se inspira em Psicose em alguns enquadramentos. Como quando um personagem sobe as escadas na casa do namorado de Lucy. Evidentemente, essa cena lembra o momento em que detetive Arbogast está dentro da mansão de Norman Bates.

Spoilers adiante

Seguindo a mesma fórmula de seu sucesso anterior, o roteirista Robert Bloch reserva para a parte final a elucidação dos assassinatos em série. E a solução se assemelha muito àquela de Psicose. Novamente, o filho ou a filha coloca as roupas e a peruca da mãe e pratica os crimes como se fosse ela. A diferença é que Norman Bates sofria de esquizofrenia e Carol age com uma finalidade aparentemente racional, que é o de derrubar tudo que possa impedir o casamento com seu rico namorado. Porém, o trauma de testemunhar o crime quando criança resultou na sua psicopatia.

Por fim, depois desse filme tenso, há um toque de humor após o fim. No logo da Columbia Pictures, a mulher com a tocha está decapitada, tal qual as vítimas de Lucy Harbin.

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Ficha técnica:

Almas Mortas (Strait-Jacket) 1964. 93 min. Direção: William Castle. Roteiro: Robert Bloch. Elenco: Joan Crawford, Diane Baker, Leif Erickson, Howard St. John, John Anthony Hayes, Rochelle Hudson, George Kennedy, Edith Atwater, Mitchell Cox.

Onde assistir:
Almas Mortas (filme)
Almas Mortas (filme)
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