Amado (filme)
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Amado

Avaliação:
4.5/10

4.5/10

Crítica | Ficha técnica

O personagem-título do filme Amado é uma espécie de Dirty Harry brasileiro. Porém, com uma diferença crucial. Enquanto em Perseguidor Implacável (1971) Don Siegel afastava a câmera para longe quando seu policial justiceiro ultrapassa os limites de sua posição para eliminar o criminoso das ruas, aqui Edu Felistoque e Erik de Castro colocam um close no personagem, e cortam a cena para outra em que ele justifica seu ato porque se tratava de um estuprador, com a conivência da coronel a quem ele presta contas.  Os dois anti-heróis querem a Justiça, mas não acreditam no processo legal, portanto agem com suas próprias mãos, atropelando o sistema. São personagens semelhantes, mas vistos com perspectivas opostas em cada um desses filmes. O cabo Amado é exaltado, enquanto o protagonista vivido por Clint Eastwood é visto com reservas.

A história de Amado acontece em Ceilândia, no Distrito Federal. O personagem principal e sua equipe mais próxima não entram no jogo de subornos e ligações com criminosos como fazem outros policiais, em especial um sargento que logo se torna seu principal inimigo dentro da corporação. Por isso, logo o chefe do tráfico, em conluio com esse sargento, coloca uma recompensa pela cabeça de Amado, que precisará lutar sozinho contra esses criminosos. Para piorar, os bandidos assassinam a sua namorada, e o caso vira uma vingança pessoal também.

Para reforçar o heroísmo de Amado, o roteiro traz um exemplo do que não deveria ser um policial, que é o parceiro do protagonista. Ele é um soldado benevolente demais com os bandidos. Na primeira sequência, enquanto Amado mata com uma facada o ladrão alvejado por um tiro, esse outro personagem deixa ir embora um rapaz que ele apreende, participante do mesmo delito. Então, como já se antecipa nessa trama pouco surpreendente, esse policial “fraco” acabará morrendo.

Ação em quantidade, mas…

Apesar de conter várias sequências de ação, o filme não empolga. Os confrontos se resumem a troca de tiros e a um ou outra briga corporal, mas filmados com distanciamento, sem colocar o espectador para dentro. Por exemplo, quando Amado acerta seus disparos em seus inimigos em uma emboscada, apenas vemos os alvos caindo. Então, sentimos falta de um plano detalhe do tiro acertando o corpo, ou algo semelhante. E, trechos como a moto que desliza para baixo de um carro e explode acabam atrapalhando porque soam tão artificiais como os seriados televisivos dos anos 1970.

O filme sofre também para contar sua narrativa. Para indicar que Amado está apaixonado pela prostituta com quem se relaciona, vemos o policial dançando sozinho na solidão de sua casa. Não poderiam ter pensado em uma forma mais direta e bela para comunicar esse sentimento? Por exemplo, um flashback ou mesmo um olhar reflexivo para uma foto ou um objeto da amada? Enfim, algo que fosse mais próximo à personalidade desse policial durão. Da mesma forma, em outro momento, o roteiro não consegue transmitir o que levou o soldado covarde a trair seu companheiro, pois o flashback para esse fim nunca apresenta esse motivo.

Além disso, Amado desperdiça a oportunidade de criar uma cena emocionante, e que justificaria uma ação vingativa sem precedentes do protagonista. Quando um dos vilões elimina a sua namorada, o filme acompanha a vítima desde que ela sai da farmácia até chegar em sua casa. No mesmo momento, Amado se dirige a esse local. Porém, as cenas paralelas não são trabalhadas para criar o suspense que esse trecho pede. E, por fim, sequer mostra o assassinato da moça, ou seu cadáver, o que seria importante para comprovar o impacto que essa tragédia provoca no personagem principal.

Veredito

Em suma, Amado é um filme movimentado, com uma mensagem perigosa (de estimular policiais que agem por conta própria), mas mal dirigido e com um roteiro com falhas. Porém, é uma evolução para Erik de Castro em relação a Cano Serrado (2019), outro filme seu sobre policiais corruptos no Distrito Federal.

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Ficha técnica:

Amado | 2022 | Brasil | 91 min | Direção: Edu Felistoque, Erik de Castro | Roteiro: Erik de Castro | Elenco: Sérgio Menezes, Adriana Lessa, Gabriela Correa, Brenda Ligia, Alexandre Barillari, Igor Cotrim, Neco Vila Lobos, Sérgio Cavalcante.

Distribuição: Downtown Filmes.

Onde assistir:
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