Série de TV do gênero comédia dramática produzida pela O2 Filmes sobre Fred (Felipe Abib), um ator com medo de palco, cuja empresária Sara (Luciana Paes) descobre um jeito de ele ganhar dinheiro com seu talento trabalhando como amigo de aluguel. Nesse trampo, ele interpreta qualquer personagem – um namorado, um filho, um marido, um guru, etc. – conforme as necessidades do cliente.
“Amigo de Aluguel” foge dos clichês das séries procedurais, onde cada episódio é uma estória isolada. Geralmente, esse tipo de seriado aborda profissões como advogados, médicos e policiais/detetives. Com protagonista ator, vimos a má experiência de “Vida de Artista” (Joey, 2004-2006), o spin off de “Friends” que tentou dar sobrevida ao personagem Joey Tribianni (Matt LeBlanc), mas que só durou duas temporadas. O desafio é criar situações que sejam universais, para que um grande número de espectadores se sinta conectado com a estória. Para as profissões citadas acima, esse tema universal é quase automático, mas quando se trata de um “amigo de aluguel’, depende muito da criatividade dos roteiristas.
Personagens
A empatia do público com o protagonista parece bem encaminhada. Fred é uma pessoa com boas intenções, mas não é perfeito – sua fraqueza o impede de trabalhar como ator nos palcos. Seu carinho com o filho é outro fator que aproxima o espectador dele.
Toda série cômica depende muito da química do protagonista com os coadjuvantes. Por um lado, Sara, a agente, faz rir com seu apetite por sexo, mas ao mesmo tempo restringe o público, impedindo que “Amigo de Aluguel” seja um programa familiar. Já a maquiadora Angelina (Christiana Ubach) é a louquinha da turma, fazendo graça por apoiar uma causa diferente a cada episódio. E o amigo Jun Ho (Thiago Amaral) é cômico porque, apesar de ser brasileiro, age como se fosse coreano porque foi adotado quando criança por uma família de lá. Ou seja, um pouco como Steve Martin em “O Panaca” (The Jerk, 1979), em que ele pensava ser negro.
Porém, a mistura humorística desses elementos está subdosada na série, poderia ser muito mais engraçada.
Estilo visual
O visual carrega nas cores fortes, nas cenas cômicas, e em tons mais amenos, nas dramáticas. O primeiro episódio mostra alguns recursos gráficos, quando Fred se prepara para seu primeiro papel nesta nova profissão, mas esse estilo não se mantém nos demais capítulos. A direção acaba optando por um estilo clássico. Inclusive com o uso das vinhetas musicais para finalizar as piadas e para a transição entre cenas, o que se torna um pouco cansativo.
Pelo lado positivo, “Amigo de Aluguel” possui uma dose alta de drama em meio à comédia e um forte personagem central, muito bem interpretado por Felipe Abib. Porém, peca por abafar o potencial cômico dos coadjuvantes. Em suma, a série, que já tem contratada duas temporadas com cinco episódios cada, provoca risos e emoções, mas não gargalhadas.
