Pesquisar
Close this search box.
Os Filhos dos Outros (filme)
[seo_header]
[seo_footer]

Os Filhos dos Outros

Avaliação:
7/10

7/10

clique no botão abaixo para ouvir o texto

Crítica | Ficha técnica

Os Filhos dos Outros (Les enfants des outres) se destaca por ousar ser um melodrama romântico com emoções intensificadas. Em seu quinto longa, a diretora francesa Rebecca Zlotowski, também autora do roteiro, assume o geralmente negligenciado ponto de vista da mulher madura que inicia um relacionamento com um homem separado com uma filha pequena. O filme busca um retrato verdadeiro, sem fantasias. Passa pelos altos e baixos da relação, mergulhando fundo nos sentimentos envolvidos.

Rachel (Virginie Efira) se aproxima do limite de idade para ter filhos. O tempo, aliás, representa um fator onipresente na trama. Está expresso nas palavras do ginecologista que a alerta sobre sua expectativa de ainda ser mãe, ou em elipse no pai que de repente não está mais presente. De forma mais indireta, na morte de uma mãe que está com câncer. Formalmente, está no uso dos fade-outs, recurso de transição entre cenas associado à passagem do tempo. O tempo, acima de tudo, direciona as decisões dos personagens. A irmã de Rachel, por exemplo, dá um jeito de engravidar, mesmo não estando num relacionamento estável, antes que seja tarde demais. E a protagonista constantemente reflete sobre seu namoro com Ali (Roschdy Zem) considerando o tempo que ainda tem para ser mãe. Dentre suas ponderações, surge a questão de aceitar Leila (Callie Ferreira-Goncalves), a filha de Ali, como solução para sua vontade.

Vivendo tudo intensamente

Muita coisa acontece no filme. E Rachel sente intensamente todas as experiências que surgem nesse momento em sua vida. Seu sentimento por Ali é forte, e as cenas de sexo evidenciam aquela loucura prazerosa dos apaixonados. Da mesma forma, ela se emociona profundamente quando Leila finalmente demonstra, em sua sinceridade infantil, que a vê como parte da família. Por outro lado, os rompantes da menina pedindo a presença da mãe magoam Rachel. Há, ainda, uma dor do passado que retorna quando ela teme que o acidente que matou a mãe se repita, numa cena que não é gratuita, pois revela como esse trauma ainda é forte. Além disso, a sua intensidade no trabalho é a mesma, e Rachel luta para que um de seus alunos problemáticos tenha chances em mostrar o seu valor como estagiário.

Por fim, Os Filhos dos Outros é um retrato verdadeiro porque não se dobra às exigências de sempre agradar ao público. A conclusão revela bem isso, ao mostrar o que sente a mulher que não consegue furar a bolha da relação familiar, mesmo com todo o amor dedicado e recíproco. Mas a experiência bem-sucedida com o estágio do seu aluno deixa um final aberto com um pé no otimismo. Não o final feliz de conto de fadas, mas o da certeza de Rachel sore o que ela quer fazer dali em diante, numa cena inspirada em Os Incompreendidos (Les quatre cents coups, 1959), de François Trufaut. O tempo é suficiente para seu aluno, e será para ela também.

___________________________________________

Ficha técnica:

Os Filhos dos Outros | Les enfants des autres | 2022 | 103 min | França | Direção e roteiro: Rebecca Zlotowski | Elenco: Virginie Efira, Roschdy Zem, Chiara Mastroianni, Callie Ferreira-Goncalves, Yamée Couture, Henri-Noël Tabary, Victor Lefebvre.

Distribuição: Synapse.

Trailer aqui.

Onde assistir:
Os Filhos dos Outros (filme)
Os Filhos dos Outros (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo