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Amor, Sublime Amor (filme)
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Amor, Sublime Amor

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

Amor, Sublime Amor (West Side Story, 1961) quebra a ideia do musical como gênero cinematográfico alegre e empolgante. Na sua trama, a crítica social possui a mesma relevância que o romance, este inspirado em “Romeu e Julieta”, de William Shakespeare. Para se ter uma ideia, a peça que deu origem ao filme tem como autores Leonard Bernstein (música), Stephen Sondheim (letras) e Arthur Laurents (livro), e estreou nos palcos em 1957. E, em 1958, o muito mais inofensivo musical Gigi chegou aos cinemas. Curiosamente, esses dois filmes arrebataram as premiações da Academia. Gigi levou nove, e Amor, Sublime Amor dez Oscars, incluindo os de melhor filme e melhor diretor, nos dois casos.

Racismo

A crítica social em Amor, Sublime Amor se concentra no racismo contra os imigrantes, no caso, os porto-riquenhos de Nova York. Eles formam a gangue dos Sharks, e são inimigos dos moradores brancos da região, os Jets. A rivalidade entre gangues existiria ainda por muitos anos, e ganharia as telas em vários filmes, como Warriors: Os Selvagens da Noite (Warriors, 1979). E sempre gerariam muita violência, mesmo nesse musical, no qual as brigas acontecem coreografadas em formato de dança. O filme denuncia o racismo além das tribos, e as letras das canções, especificamente em “America”, junto com os diálogos, contrapõem o sonho americano com a falta de oportunidades para os imigrantes. Existe, ainda, um odiável personagem racista, o tenente Schrank (Simon Oakland), um policial que força o uso da lei contra os porto-riquenhos, e ainda declama, sem censura, o seu discurso de ódio.   

A coreografia não esconde a violência da trama. Causa estranheza, porém, e muitos espectadores rejeitam o filme pelos embates com passos de dança. Mas, até estes se chocam com a inclusão de um estupro coletivo num filme musical. A cena, na qual os Jets agridem a porto-riquenha Anita (Rita Moreno), rendeu à atriz o Oscar de melhor atriz coadjuvante.

Anita é a namorada do líder dos Sharks, Bernardo (George Shakiris, também vencedor do Oscar de melhor ator coadjuvante). Quando a recém-chegada irmã dele, Maria (Natalie Wood), conhece e se apaixona por Tony (Richard Beymer), um membro não-atuante do Jets, se acende o estopim para um grande duelo entre as gangues. Então, isso leva a uma tragédia que quebra as juras de amor entre Maria e Tony, levando ao desfecho pessimista da obra de Shakespeare.

Um musical avançado

Ao lado de “America”, o outro número musical empolgante em Amor, Sublime Amor é “Tonight”, que reproduz a famosa cena da sacada de “Romeu e Julieta”. Além de serem as músicas que melhor foram encenadas no filme, trazem conforto ao público, pois possuem os tons cômico e romântico, respectivamente, comuns aos musicais hollywoodianos. Já a primeira parte do longa inquieta-o, pois apresenta as gangues rivais através da trilha instrumental, sem diálogos, e muita dança, inclusive para reproduzir as brigas, o que pega o espectador clássico de surpresa.

Por outro lado, o filme tem problemas de casting. Em especial, Natalie Wood no papel da porto-riquenha Maria, que soa artificial. Aliás, hoje seria tão condenável como os “blackfaces”. Na verdade, parece que faltou coragem de colocar Rita Moreno no papel principal. Além disso, seu par Richard Beymer não sustenta o protagonismo dessa história. Nesse caso, o coadjuvante Russ Tamblyn rouba a cena.

Goste ou não de Amor, Sublime Amor e suas lutas dançantes, é inegável o pioneirismo em trazer temas sociais ao gênero musical. Posteriormente, outros musicais do cinema seguiram nessa linha. Entre eles, Rent: Os Boêmios (Rent, 2005) e Os Miseráveis (Les Misérables, 2012). Além disso, abriu caminho para musicais dramáticos, como Cabaret (1972) e O Show Deve Continuar (All That Jazz, 1979).  

Por isso, apesar de não ser um musical tradicional, Amor, Sublime Amor é um dos mais importantes exemplares do gênero.


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