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Cabaret (filme)
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Cabaret

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

Com sua história amarga ambientada na Alemanha pré-nazismo, Cabaret decreta o fim dos musicais alegres.

Em suma, Sally Bowles (Liza Minelli) é uma dançarina e garota de programa americana vivendo na decadente Berlin de 1931. Quando ela conhece o inglês aspirante a escritor Brian Roberts (Michael York), ela desenvolve com ele um relacionamento não ortodoxo.

Bob Fosse e musicais

Acima de tudo, o diretor Bob Fosse joga uma pá de cal no gênero em que já havia trabalhado em seu primeiro filme, Charity, Meu Amor (Sweet Charity, 1969). Aliás, ele o visitaria novamente em O Show Deve Continuar (All That Jazz, 1979), logo no início de Cabaret. Nesse sentido, o espectador fica chocado em notar que nos créditos iniciais de um filme musical, não há música. De fato, apenas silêncio e o som ambiente da casa noturna que vai surgindo aos poucos.

Anteriormente, na década que precede Cabaret, os musicais dominaram os prêmios de melhor filme do Oscar. De fato, foram premiados: Amor, Sublime Amor (West Side Story, 1961), Minha Bela Dama (My Fair Lady, 1964), A Noviça Rebelde (The Sound Of Music, 1965) e, ainda, Oliver! (1968). Então, Cabaret, de 1972, captura o zeitgeist do momento da contracultura e do antibelicismo para modernizar esse gênero cinematográfico. A pequena dose de amargura presente nesses filmes premiados nos anos 1960 surge em dose cavalar no filme de Bob Fosse.

Naquelas películas, a violência das gangues de subúrbio (Amor Sublime Amor), a pobreza dos protagonistas (My Fair Lady e Oliver!) e o nazismo (A Noviça Rebelde) são diluídos no tom otimista, bem como nas canções que contam a estória. O próprio tema deste último título, o nazismo, reaparece em Cabaret, mas de forma violenta, e as músicas possuem um tom agressivo, quase como um pesadelo.

Nazismo

Essencialmente, o ambiente da estória retrata um povo suscetível à doutrinação nazista, diante das suas dificuldades econômicas e desesperanças. Por exemplo, em uma cena aterrorizante, vemos um garoto cantando um belo hino de esperança no futuro. Em seguida, a população de um vilarejo, que está reunida para um almoço, começa paulatinamente, a se contagiar e a acompanhar a música. Então, a câmera revela que o garoto cantor está com uniforme nazista, tal qual outros partidários que também estão ao redor.

Analogamente, o crescimento dessa dominação é representado, ao longo da estória, ao vermos um nazista sendo expulso do cabaré na primeira parte do filme. Assim como na cena final, após um número musical com humor, onde nenhum riso pode ser escutado após as piadas. Logo após, a imagem congela, fora de foco, nos nazistas que agora ocupam a plateia do local.

Bob Fosse transgressor

Da mesma forma, a transgressão de Bob Fosse ultrapassa o âmbito social e, claramente, invade também os protagonistas. Sally Bowes, em contraste com “A Noviça Rebelde”, é uma garota de programa, que quer ser uma atriz de cinema. Brian Roberts, jovem formado em Cambridge, quer ser escritor, mas o máximo que consegue é dar aulas particulares de inglês. Sally é promíscua, por necessidade e vontade, e Brian tem pouca vivência sexual, prestes a reconhecer sua homossexualidade. Sally encontra em Brian o amor paterno que não conhece, e Brian se ilude por manter com ela um relacionamento heterossexual. Essa frágil laço afetivo, como a pragmática Sally reconhecerá, não se sustentará por muito tempo.

Liza Minelli, com seus enormes olhos e cabelo preto curto, além de uma poderosa voz e presença de palco em suas apresentações no cabaré, retrata perfeitamente a figura forte do relacionamento, e Michael York, de voz serena e traços delicados, mostra a fragilidade de seu personagem.

Buscando o realismo dentro do musical, as canções de Cabaret não substituem os diálogos, mas aparecem apenas para ilustrar e dar mais vida aos vários momentos da estória, sempre como uma apresentação no palco da casa noturna. Joel Grey interpreta o mestre de cerimônia do local – engraçado e ameaçador, agridoce como o próprio filme.

Para concluir, Cabaret recebeu 8 Oscars da Academia, entre eles, o de melhor diretor, melhor atriz (Liza Minnelli) e melhor ator coadjuvante (Joel Grey).


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