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Poster do filme "Anora"
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Anora

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

O diretor indie estadunidense Sean Baker despertou a atenção com seu filme Projeto Flórida (2017), que percorreu um vasto circuito de festivais e ainda obteve uma indicação ao Oscar de coadjuvante para Willem Dafoe. O grande apelo da obra foi transpor para as telas, com imenso naturalismo, a classe baixa pouco vista no cinema norte-americano. Mostrou a face mais selvagem do capitalismo, capaz de gerar personagens como a vivida pela estreante Bria Vinaite, uma mãe solteira que precisa se prostituir para pagar o aluguel.

O mais recente filme de Baker, Anora, eleva o nome de Baker a um novo patamar. Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes deste ano, o longa é um dos destaques da programação da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

Sonho de princesa

Anora, ou Ani (como ela prefere ser chamada), é uma prostituta do Brooklyn. Ela tira a sorte grande quando um de seus clientes, o jovem Ivan, filho de um bilionário russo, decide se casar com ela. A vida dura de Ani não aniquilou seus sonhos. Assim ela deixa explícito quando diz que quer viajar para a Disney e se hospedar no quarto tematizado da Cinderela. Assim, a oportunidade de mudar radicalmente sua vida da miséria para a riqueza acaba por deslumbrá-la. O fato de Ivan ser um adulto infantilizado por causa de sua condição privilegiada parece não ser empecilho para a realização dos sonhos de Ani.

Mas, quando os pais de Ivan decidem vir da Rússia aos Estados Unidos para anular o casamento, o noivo recém-casado foge como uma criança temerosa. O filme, até então um drama com pitadas de humor, descamba para a comédia escrachada. Os três homens contratados pelos pais de Ivan para levar o casal perante o juiz para a anulação são todos uns atrapalhados. Apelam inutilmente para alguma violência para forçar Ani a ir com eles. E isso gera cenas que lembram as situações similares nos filmes de Woody Allen – quando ninguém corre perigo de verdade.

Humor direto

No entanto, para esse tipo de comédia funcionar, o espectador precisa aceitar esse humor direto, mais físico que intelectual. Bem distante do naturalismo que predominou no drama Projeto Flórida, cujo ponto de contato com Anora seja apenas o fato de as protagonistas serem trabalhadoras do sexo. Desta vez, a atriz principal, Mike Madison, já não se enquadra na categoria de não-atriz, nem sequer estreante (e entrega uma interpretação tocante, por sinal). Talvez, por trás dos exageros dessa comédia, se possa enxergar uma crítica ao capitalismo (tal como é também Projeto Flórida). Mas ainda com um toque de ironia, pois quem pode realizar o sonho americano é um estrangeiro – um russo, ainda por cima.  

Pelo lado positivo, Sean Baker se tornou um diretor melhor. Já não comete os erros flagrados em Projeto Flórida, e consegue transitar entre cenas de drama, comédia e ação, mas com visível superioridade no primeiro. De qualquer maneira, ainda é cedo para colocá-lo num pedestal.

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Ficha técnica:

Anora | 2024 | 139 min. | EUA | Direção: Sean Baker | Roteiro: Sean Baker | Elenco: Mikey Madison, Mark Eidelshtein, Yura Borisov, Karren Karagulian, Anton Bitter, Vache Tovmasyan, Darya Ekamasova, Aleksey Serebryakov, Lindsey Normington, Paul Weissman.

Distribuição: Universal Pictures.

Onde assistir:
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