Antiga Alegria nos lembra a apreciarmos o caminho e não só o destino.
Sinopse
Kurt convida seu melhor amigo Mark para uma rápida viagem de um dia até uma fonte de águas termais. Com isso, ele pretende reapertar os fortes laços de amizade que se afrouxaram após Mark se casar.
Cinema autoral
Em seu terceiro longa-metragem, a diretora Kelly Reichardt mostra traços de seu cinema autoral. Um dos nomes mais reverenciados da produção americana independente contemporânea, Reichardt se acostumou com o adjetivo “minimalista” na caracterização de sua obra.
Mesmo olhares despreocupados identificam essa marca em Antiga Alegria. Afinal, é uma produção simples, filmada em locação e que coloca na tela apenas dois atores, um carro e um cão. Porém, o minimalismo do cinema de Reichardt vai além disso.
Nesse filme, vemos, majoritariamente, planos fixos. Quando muito, a câmera se movimenta para acompanhar algum personagem. Por outro lado, na sua narrativa não encontramos momentos de clímax dramático, um dos cânones do cinema de gênero.
Os amigos se perdem e precisam passar a noite acampando na beira da estrada e não nas termas, como planejado. Porém, isso não desencadeia nenhum fato extraordinário. Não surge um serial killer, um presidiário em fuga, enfim, não há mortos, nem feridos.
Depois, quando os dois alcançam as termas, nossos cérebros condicionados às fórmulas do cinemão desconfiam que testemunharemos um lance mais íntimo entre os dois melhores amigos. Porém, isso simplesmente não acontece.
O ordinário tem seu encanto
Assim, ao ser fiel a sim mesmo, Antiga Alegria não força artificialmente as situações para fins dramáticos. E, com isso, se mantém verdadeiro também à própria vida. Afinal, em nossas existências os eventos extraordinários são raros.
Dessa forma, o filme nos leva a apreciar esses momentos comuns. Por isso, preenche boa parte de sua duração com cenas dos amigos no carro dirigindo pela estrada, ao som de um violão acústico. Sem pressa, sentimos a beleza desses instantes, dessa alegria que os dois amigos voltam a compartilhar.
Mesmo que Mark já não seja exatamente o mesmo de antes, os dois podem, e devem, aproveitar esse sentimento ora resgatado. Afinal, o tempo nunca retrocede e, talvez no próximo encontro, eles tenham mudado mais, a ponto de não mais se conectarem.
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Ficha técnica:
Antiga Alegria | Old Joy | 2006 | EUA | 76 min | Direção: Kelly Reichardt | Roteiro: Jonathan Raymond, Kelly Reichardt | Elenco: Daniel London, Will Oldham, Tanya Smith, Robin Rosenberg, Keri Moran, Autumn Campbell.
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