O filme Apego parece construir os motivos para o título daquele livro “A Sutil Arte de Ligar o F*da-se”, de Mark Manson.
A trama
Primeiro, vamos à trama. A personagem principal é Ana, uma mulher com duas filhas que acaba de se separar do marido. Enquanto tenta restituir o equilíbrio de sua vida, ela vê cresceram demandas no seu trabalho num escritório de arquitetura. Porém, conforme ela fica mais sufocada, mais ela vê os demais envolvidos darem as costas para se concentrarem em seus próprios problemas.
Por exemplo, o marido fica curtindo a nova namorada e não ajuda a cuidar das filhas, assim como deixa de ajudar com o pagamento da escola. Além disso, a mãe resolve viajar com seu amante, abandonando, assim, o pai de Ana que está seriamente enfermo. E, para piorar, os seus irmãos também se esquivam de cuidar do pai, porque alegam que ele gosta mais de Ana.
A direção
Quanto à direção, Apego é o segundo longa-metragem de Patricia Velásquez. Nele, ela divide a estória em três capítulos. Primeiro, o filme conta como a mãe Julía sofre em aceitar o envelhecimento ao mesmo tempo que volta a se relacionar com um antigo amigo da faculdade. Depois, descobrimos mais sobre Ana. E, por fim, conhecemos o pai Andrés.
Acima de tudo, o filme apresenta como pano de fundo o exílio da família de Ana em Costa Rica, desde o início da ditadura de Augusto Pinochet em Chile. E, como resultado, veio a desestabilização dos relacionamentos, principalmente para Julía, que se sentiu forçada a deixar o país e os amigos.
Todavia, o que se destaca é a solução visual que Patricia Velásquez utiliza para ilustrar a situação de Ana. Frequentemente, a diretora filma um plano onde a personagem está emoldurada, ou seja, cercada pelos lados por paredes ou móveis. Dessa forma, simboliza o quanto ela se sente sufocada, desesperada com o montante de responsabilidades que assume.
Enfim, Ana percebe que somente ela parece se importar. O filme, que até então apresentava um tom sóbrio, com cortes secos, alivia o tom para mostrar a virada da personagem. Em suma, essencialmente Apego é um grito de libertação feminino.
E, finalmente, apenas a título de informação, o filme Apego está na programação do Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo que acontece de forma online e gratuita entre 9 e 16 de dezembro via plataformas digitais, acessíveis em todo o território brasileiro pelo endereço www.festlatinosp.com.br.
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Ficha técnica:
Apego (Apego) 2019. Costa Rica/Chile. 80 min. Direção/Roteiro: Patricia Velásquez. Elenco: Kattia González, Daniel González-Muniz, Álvaro Marenco, Teresita Reyes, Laura Montero, Leonardo Perucci.
