Armadilha (filme)
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Armadilha

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

A mensagem ambientalista se sobressai no longa búlgaro Armadilha (Klopka), presente na programação da 47ª Mostra. E o protatonista Yoyo personifica essa bandeira com louvor. Aposentado, ele vive numa ilha às margens do rio Danúbio. Apesar de ser um ex-caçador, ele está fortemente conectado à natureza, e não se cansa de catar todo o lixo que as pessoas da cidade deixam no local. Lixo que ele devolve para a cidade mais perto, jogando sacos do que recolheu na praça em frente à prefeitura.

A trama

É na prefeitura que se origina a trama que move essa narrativa. O prefeito cede às pressões de um empresário local, que quer trazer um investidor estrangeiro, notório caçador de animais, para uma caçada a um javali. Com isso, espera agradá-lo para que ele monte um depósito de lixo nuclear na cidade. Mas o javali é tão grande e perigoso que eles precisam da ajuda de Yoyo e do cão dele.

O filme nem mostra o que o veterano caçador pensa sobre isso, ainda mais quando descobre as intenções por trás desse evento, porque o espectador já sabe, diante de sua incansável rotina de limpeza da ilha, e ainda da promessa que fez à sua finada esposa de que não mais caçaria. Além disso, ele tenta desmentir a ideia de que os animais selvagens são perigosos. O lobo que ele mantém em seu quintal e seus corvos de estimação comprovam essa sua teoria. E, para reforçar o risco de um lixo radioativo, uma personagem aliada dele é uma imigrante ucraniana cuja mãe viveu próximo a Chernobil.

Yoyo finge aceitar o serviço, mas o vimos cortando a grade que delimita o território da caçada, para que o javali tenha como fugir. E será castigado por sua ousadia. O filme mostra na última cena que, apesar disso, ele continua sua incansável rotina de limpar a ilha. A câmera do alto replica a visão aprovadora de uma gaivota, mas revela que o espaço é imenso demais para uma só pessoa fazer a diferença. Aí entra o cinema, e qualquer outro meio de comunicação, para ampliar esse exemplo e conscientizar as pessoas.

A direção

Antes de partir para a conclusão, cabe destacar algumas boas ideias da diretora Nadejda Koseva. Uma delas é a de mostrar um detalhe e depois retornar a ele em momento posterior. Estamos falando do ninho da gaivota, que primeiro surge em cima de um poste de eletricidade. Além de denunciar a invasão da civilização no habitat natural dessas aves, o ninho caído no chão ainda estampa a insensibilidade sem fim das pessoas. Essa questão está ligada à ação paralela que acontece no momento da caçada. O menino que provoca uma tragédia ao esquecer a gaiola dos corvos aberta é uma metáfora para as duras consequências que a humanidade provoca ao intervir na natureza, como o caso da caçada simulada do javali. Mas soa desnecessário colocar um trovão e um relâmpago após Yoyo alertar seu amigo sobre os perigos do rio à noite.

Por fim, este filme dialoga com outro longa búlgaro que terá exibição na 47ª Mostra: Lições de Blaga. Esse filme, de Stephan Komandarev, usa o emprego exagerado de concreto numa cidade da Bulgária para ilustrar a dureza das pessoas, que chega ao nível da misantropia. Aqui, o concreto entra no final do filme, que passeia por gigantescas fábricas desativadas. Duas visões críticas sobre um terrível legado que o país está deixando.   

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Ficha técnica:

Armadilha | Klopka / The Trap | 2023 | 95 min | Bulgária | Direção: Nadejda Koseva | Roteiro: Boyan Papazov | Elenco: Alexander Trifonov, Yanitsa Atanasova, Mihail Stoyanov, Dan Nikolov, Kamen Kalev, Nickolay Todorov.

(obs: poster não-oficial)

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