Embora fraquíssimo, o filme turco Árvores que Eu Me Lembro conseguiu ser selecionado para a Perspectiva Internacional da 48ª Mostra de Cinema Internacional em São Paulo.
Se está na Perspectiva Internacional, significa que o diretor Erhan Tuncer não é um novato. De fato, ele fez seu primeiro longa em 2013, e este é o seu terceiro. Filma pouco, portanto – apenas três filmes em onze anos. Talvez isso explique os vários problemas de Árvores que Eu Me Lembro, já que a prática costuma levar ao aperfeiçoamento.
Tuncer erra ao decidir filmar quase tudo com a câmera na mão, tendência do cinema de prestígio mundial contemporâneo que devia ser imediatamente abandonada. Era um recurso que, no cinema clássico, servia para caracterizar um momento em que um ou mais personagens estão tensos, desequilibrados emocionalmente. É verdade que os três protagonistas aqui vivem um momento de crise, mas isso não pode justificar que o filme esteja tomado de imagens trêmulas e até desfocadas.
O diretor deixa evidências de que não sabe o que fazer com a câmera. Em alguns pontos, parece que o operador de câmera se cansa de segurar o equipamento na mão e, ao ajustar a posição de seu corpo, deixa solavancos na imagem. Numa cena num bar, a câmera acompanha o movimento da mão do personagem, causando uma inevitável irritação no espectador.
Nem mesmo quando usa o tripé Erhan Tuncer faz um bom trabalho. No longo plano único com os três protagonistas sentados na sala colocando para fora suas angústias, a câmera no tripé não consegue girar lateralmente sem enroscar, deixando os insuportáveis diálogos ainda mais difíceis de engolir. Tudo parece a esmo no filme – por exemplo, por que um dos personagens está fora do quadro na maior parte dessa cena?
Confuso, além de tudo
Para piorar, o roteiro, também obra de Erhan Tuncer, está estruturado em ordem cronologicamente inversa, dia a dia. Esse truque não é novo, mas aqui só fica evidente na parte final. Mesmo que a intenção fosse guardar uma surpresa sobre o motivo da personagem Bahar fugir de casa, a ordem temporal inversa poderia estar mais clara. Aliás, explicar que a trama acompanha essa moça que sai de casa e vai se abrigar na casa de um amigo que recentemente ficou paraplégico e vive em conflito com o pai desde então. A sinopse do filme diz que a garota está grávida e por isso saiu de casa, mas o filme deixa a estória confusa, difícil saber o que realmente acontece. Buscar o significado do título Árvores que Eu Me Lembro, então, seria fazer dessa experiência uma perda de tempo ainda maior.
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Ficha técnica:
Árvores que Eu Me Lembro | Hatirladigim Agaçlar | 2024 | Turquia | 106 min. | Direção: Erhan Tuncer | Roteiro: Erhan Tuncer | Elenco: Hande Dogandemir, Erdem Kaynarca, Istar Gökseven, Beyti Engin, Ihsan Ilhan.