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Asas (filme)
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Asas

Avaliação:
8/10

8/10

Crítica | Ficha técnica

O filme Asas justifica o prêmio de melhor filme na primeira edição do Oscar em 1929.

Em 16 de maio de 1929 aconteceu, pela primeira vez na história, a entrega dos prêmios Oscar da Academia, e Asas venceu na categoria de melhor filme. Assistindo-o com os olhos de hoje, encontramos nele uma gramática fílmica desenvolvida, utilizando com propriedade o que D.W. Griffith, Sergei Eisenstein e Georges Méliès, entre outros, desenvolveram pioneiramente. Para seu tempo, é um filme tão enciclopédico quanto Cidadão Kane quanto ao uso das técnicas do cinema. Ademais, ainda se destaca quanto a um aspecto que a tecnologia eliminou: as acrobacias arriscadas dos pilotos dos aviões de guerra em combate, correndo real perigo de morrerem durante as filmagens, o que provoca arrepios nos espectadores de hoje.

Guerra, amor e amizade

Asas é um filme de ação de guerra com uma forte estória de amor e amizade. Antes de eclodir a Primeira Grande Guerra Mundial, conhecemos o conflito romântico dos protagonistas. Mary (Clara Bow) ama Jack (Charles Rogers), que ama Sylvia (Jobyna Ralston), cujo amor por David (Richard Alen) é correspondido. Quando começa a guerra, os jovens devem atender à convocação de alistamento. Jack e David entram para a aeronáutica, juntamente com Herman, o personagem cômico do filme. Apesar de rivais no amor a Sylvia, nasce uma sólida amizade entre Jack e David durante os treinamentos em solo. Os pilotos recebem a missão de combater na Europa contra os alemães e conhecem a morte de perto. O conflito amoroso, no entanto, abala a amizade, e um final trágico acabará por restabelecer um novo equilíbrio.

A necessidade de utilizar consistentemente a gramática do cinema é ainda maior em um filme mudo, como esse, porque os diálogos e narrações viram cartelas na tela e, obviamente, quanto menos as usarmos, melhor será a experiência do filme. O diretor já trabalhava desde 1920 na função, e sabia como explorar esses recursos. O filme Asas possui, por isso, vários cortes, planos/contraplanos, planos paralelos, detalhes, closes. Justaposição da baliza girando com a roda do trem, a montagem poética na morte do piloto simbolizada pela hélice que para de girar, está tudo lá, para quem quiser hoje estudar.

A violência da guerra

O que ainda ajuda a manter o filme impactante são as imagens que não escondem a violência da guerra, seja na quantidade de mortes, seja na exposição do sangue nos rostos dos soldados. Além disso, as sequências de combate em solo, com centenas de figurantes, demonstram o padrão que depois chamaríamos de superprodução.

É verdade que as cenas de combate aéreo são demasiado longas, o que elevou a duração do filme para quase duas horas e meia. Mas, já mostrava uma transformação em relação a, por exemplo, O Nascimento de uma Nação (1915), que dura 3h15.

Além de todos esses aspectos, o filme Asas desperta interesse para o espectador pelas suas cenas de combate aéreo sem efeitos visuais – os únicos são os fogos pintados de laranja nesse filme em preto e branco. A ação se constrói através da filmagem feito do ar e do solo de dublês pilotando aviões de guerra em acrobacias incrivelmente perigosas. São sequências que influenciaram até Star Wars – Episódio IV: Uma Nova Esperança (1977), e não é por acaso que George Lucas foi o responsável pela restauração desse filme histórico em 2012.


 
Ficha técnica:

Asas (Wings, 1927) EUA. 144 min. Dir: William. A. Wellman. Rot: Hope Loring, Louis. D. Lighton. Elenco: Clara Bow, Charles ‘Buddy’ Rogers, Richard Arlen, Jobyna Ralston, El Brendel, Richard Tucker, Gary Cooper, Gunboat Smith, Henry B. Walthall, Roscoe Karns, Julia Swayne Gordon, Arlette Marchal, Hedda Hopper.

Assista trailer do filme Asas

Onde assistir:
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