Mãe e Filha (Asia) é o filme escolhido por Israel para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2021. Um drama emocionante sobre uma mãe de 35 anos cuja filha adolescente rapidamente sucumbe a uma doença degenerativa.
O drama
Na primeira parte do filme, conhecemos Asia, que trabalha arduamente como enfermeira e mantém um caso com um médico casado. Enquanto isso, ela cria sozinha sua filha Vika, agora no fim da adolescência. E tem dificuldades em se conectar com ela, pois pouco se veem e ela apresenta sinais de rebeldia. Como a própria personagem comenta, sua vida não é fácil.
Enquanto isso, Vika se diverte nas ruas com sua amiga Natalie. Juntas, se aproximam de um grupo de skatistas, com quem bebem e usam drogas. Porém, a saúde frágil de Vika logo a leva ao pronto-socorro. Segundo sua mãe lhe alerta, ela não pode misturar álcool com os medicamentos que toma. Adicionalmente, Vika tem pressa em perder a virgindade, mas experimenta uma tentativa frustrada.
Então, a vida das duas se torna ainda mais difícil quando a doença ataca Vika rapidamente. Logo, sua capacidade motora se deteriora cada vez mais. E isso demanda que ela seja monitorada o tempo todo. Assim, incapaz de dar conta de tudo sozinha, Asia contrata um estagiário do seu trabalho para cuidar da filha em casa.
Análise do filme
Estreando em longas metragens, a diretora Ruthy Pribar realiza uma impressionante construção de clima. Consegue envolver o espectador com duas personagens verdadeiras. Elas nunca soam afetadas ou falsas. Por isso, quando a estória chega ao clímax com um final arrasador, é impossível não se solidarizar com a tristeza dessas protagonistas.
Além disso, Mãe e Filha ainda apresenta belíssimos enquadramentos. Por exemplo, na cena em que Vika está sozinha, em primeiro plano, em um corredor com vários pilares atrás. Com isso, a imagem nos passa a sensação da inevitabilidade similar aos pilares que se seguem um após ao outro. Ao mesmo tempo, percebemos os sinais da rápida evolução da doença.
Adicionalmente, por mais de uma vez a tela mostra o drama individualizado de Asia e Vika pela janela do apartamento. Simultaneamente, na tela está a cidade do lado de fora. Dessa forma, nos confrontamos com a situação particular em relação ao todo, que segue a sua vida. Por fim, destacamos também simbolização da necessidade de Asia se desdobrar em várias para dar conta de sua vida e da doença da filha. Nesse sentido, o filme representa essa sensação pelas imagens multiplicadas de Asia em frente a vários espelhos.
E não é possível encerrar essa crítica do filme sem comentar sobre as brilhantes atuações das duas atrizes principais. Antes de mais nada, Alena Yiv (Asia) e Shira Haas (Vika) são muito semelhantes fisicamente. Elas parecem mesmo mãe e filha. Quanto às suas interpretações, elas exalam autenticidade, seja em cenas em conjunto ou sozinhas. De fato, os sentimentos que elas expressam parecem vir de dentro delas, sem recorrer a truques externos. Até acreditamos que Shira Haas sofre da doença de Vika. Esse tom realista, presente não só na interpretação, mas em todo o filme, torna Mãe e Filha poderoso.
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Ficha técnica:
Mãe e Filha (Asia, 2020) Israel. 85 min. Direção e roteiro: Ruthy Pribar. Elenco: Alena Yiv, Shira Haas, Tamir Mula, Gera Sandler, Eden Halili, Or Barak, Nadia Tichonova, Mirma Fridman, Tatiana Machlinovski.
Trailer original:
Nota: assistimos a esse filme nas sessões da THE WRAP AWARDS & INTERNATIONAL SCREENING SERIES.