Pesquisar
Close this search box.
Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou
[seo_header]
[seo_footer]

Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou

Avaliação:
6/10

6/10

clique no botão abaixo para ouvir o texto

Crítica | Ficha técnica

Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou guarda os últimos momentos em vida do cineasta Hector Babenco. E o registro não poderia ser mais pessoal. Afinal, quem dirige este documentário é a sua esposa, a atriz Bárbara Paz.

Na verdade, o próprio Babenco levou para as telas esse clima de despedida, em narrativa ficcional, no último filme de sua carreira: Meu Amigo Hindu. O longa foi lançado em 2015, um ano antes de sua morte, e contou com Willem Dafoe como protagonista, e Bárbara Paz como uma das personagens. Aliás, a célebre cena em que a atriz dança nua a música “Singin’ in the Rain” surge novamente nesse documentário, agora com o complemento do elogio que o diretor faz à esposa.

Depoimentos e sentimentos

O que Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou nos traz é uma sucessão de depoimentos do cineasta. A maioria deles captada pouco antes de morrer, já com a intenção de deixar material para esse filme. Porém, o viés não é documental. Pelo contrário, o tom é poético, e inclui até alguns trechos absolutamente sensoriais, em que a câmera não capta absolutamente nada que seja distinguível. Nesse intuito, o filme é todo em preto e branco, inclusive quando coloca partes dos filmes que Babenco dirigiu. Como resultado, não é indicado para quem quer conhecer o trabalho de Babenco, mas sim sua vida pessoal e seus pensamentos.

Em geral, o uso de trechos de filmes se encaixa na narrativa, o que denota coerência do Babenco pessoa com o Babenco diretor. Como era esperado, isso fica evidente no enfrentamento da morte de Meu Amigo Hindu, mas também em obras mais distantes no tempo, como Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia (1977) que espelha o tempo em que Babenco passou na prisão. Ou então Ironweed (1987), quando um personagem diz que tem câncer.

Particularmente, se destaca a montagem, logo no início, com Babenco caminhando em direção à tela e trechos de seus filmes com movimentos semelhantes. Nesse segmento, é muito inspirada a maneira como o fluxo da ação se encaixa, como se quisesse unir essas obras ao seu criador.

A morte se aproximando

Por outro lado, Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou tem a missão de gravar o processo de definhamento da saúde de Hector Babenco. Logo, esses são os momentos mais íntimos, muitos captados quando somente ele e a esposa estavam presentes. Por isso, a câmera perde o foco, às vezes aponta para o nada, tal como se fosse o próprio olhar de Bárbara Paz. Com isso, nos colocamos dentro desses momentos duros, que provocam desconforto. Tal qual o jovem médico no filme O Barba Ruiva (1965), de Akira Kurosawa, temos dificuldade de encarar a morte.

Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou estreia nos cinemas brasileiros no dia 26/11/2020.


Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou
Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo