Bala Sem Rumo (Obaltan)
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Bala Sem Rumo (Obaltan)

Avaliação:
8/10

8/10

Crítica | Ficha técnica

Bala Sem Rumo (Obaltan) é um dos primeiros filmes de destaque da Coreia do Sul, o país que nasceu da guerra que dividiu o território coreano em dois. Seu diretor, Yoo Hyun-mok, iniciou na indústria em 1956, três anos após o conflito.

Influenciado pelo neorrealismo italiano, este seu oitavo trabalho retrata as duras condições do pós-guerra. As filmagens nas ruas de Seul evidenciam a pobreza da população. A escassez de empregos leva a soluções desesperadas, como a prostituição da irmã do protagonista, ou o crime, escolha do seu irmão. Esse cenário de miséria social se alinha a obras em estágio inicial que revelam uma tímida reconstrução da cidade, sob intervenção dos EUA. Porém, boa parte de seus habitantes, incluindo a família do personagem principal, mora em favelas.

O filme nos lembra os dramas neorrealistas italianos. Em especial, Alemanha Ano Zero (1948), de Roberto Rossellini, e Ladrões de Bicicletas (1948), de Vittorio De Sica. Afinal, todos esses trazem a cidade do pós-guerra em ruínas e sendo reconstruída, o desespero na busca por um emprego, bem como as alternativas desesperadas de obter dinheiro para fugir da pobreza. Mas, também, Rio 40 Graus (1955), de Nelson Pereira dos Santos, por conta das favelas coreanas erguidas em morros, como na paisagem carioca.

O enredo

Na primeira parte, acompanhamos não só o protagonista, mas também um coletivo de personagens que povoam a Seul do pós-guerra.

O protagonista é um contador que ganha um salário insuficiente para sustentar sua grande família. Além da mulher grávida, sua sogra doente e duas crianças, ele ainda abriga seu irmão desempregado e sua irmã que se prostitui. Por isso, mora numa favela e precisa aguentar as dores dos seus dentes do siso que ele não pode arrancar porque não tem dinheiro para pagar o dentista.

Em paralelo, o roteiro desenvolve o drama do irmão, um ex-soldado que não consegue trabalho depois do fim da guerra. Seus amigos enfrentam a mesma dificuldade, e eles passam o tempo bebendo em um bar decadente. Num ato desesperado, ele rouba um banco, mas acaba preso.

Logo, esse incidente engata o segmento final do filme, quando o já amargurado protagonista enfrenta uma série de tragédias. Por fim, na conclusão emblemática, ele toma um táxi e roda pela cidade, sem saber para onde quer ir. Ou seja, representando a expressão do título, “bala sem rumo”.

Dessa forma, carregado de um pessimismo sufocante, Bala Sem Rumo (Obaltan) expressa o sentimento do povo que viu seu país ser dividido por conta da Guerra Fria, um conflito que não era seu.  

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Ficha técnica:

Bala Sem Rumo | Obaltan | 1961 | Coreia do Sul | 110 min | Direção: Yoo Hyun-mok | Roteiro: Beom-seon Lee, I-ryeong Lee, Jong-gi Lee | Elenco: Choi Mu-ryong, Kim Jin Kyu, Moon Jeong-suk, Seo Ae-já, Kim Hye-jeong.

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