Batalha das Rosas acompanha parte da vida adulta de três irmãs. A mais velha, Satomi, e a caçula Chisuzu exemplificam as típicas mulheres dos filmes do diretor Mikio Naruse. Ou seja, fortes e independentes. Já a outra irmã, Hinako, ilustra a tradicional mulher da sociedade patriarcal japonesa.
Logo no início do filme, Satomi fica viúva e é obrigada a restituir o dinheiro que seu marido desviou da empresa onde trabalhava. Ao invés de se abater, ela arruma um mentor e benfeitor que lhe empresta os fundos para pagar a dívida e, ainda, iniciar sua própria empresa.
Por sinal, Satomi funda uma empresa de cosméticos que se torna concorrente da empresa que era empregadora do marido e que a processou. Então, conduzindo com mãos firmes, logo sua empresa se torna líder desse mercado.
Já a caçula Chisuzu preza sua independência. Por isso, ganha o seu dinheiro trabalhando em uma editora e resolve alugar um apartamento para morar sozinha.
Por outro lado, Hinako espera ser uma boa dona-de-casa. Então, a irmã mais velha lhe arranja um casamento com um dos seus empregados. Inclusive para afastá-la do seu inimigo da empresa anterior que a assedia.
Aliás, na vida pessoal, a primogênita Satomi é tão impiedosa quanto no trabalho. Assim, seduz os homens para obter vantagens nos negócios, como o empréstimo de seu “mentor”. Da mesma forma, contrata seu jovem amante como gerente da contabilidade da sua empresa.
Desgraças
Contudo, surgem as desgraças nas vidas das irmãs.
Chisuzu adota um ousado casamento em teste, num arranjo em que ela e seu quase esposo moram em casas diferentes. Porém, ela sofre um revés em seu plano, pois esse homem é casado e tenta explorá-la financeiramente.
Em paralelo, o casamento arranjado de Hinako também não dá certo. Seu marido possui um caráter fraco. Ao mesmo tempo que é infiel, ele também é ciumento. E, num acesso de ciúme, tenta assassinar a esposa durante o banho de ofurô dela. Para piorar, é desonesto e frauda as contas da empresa de Satomi, onde trabalha.
Essas pequenas tragédias ressaltam o cenário em que a estória se desenrola. Ou seja, numa sociedade fortemente patriarcal. Então, essas tramas, que poderiam soar folhetinescas num país ocidental, representam um retrato ousado de mulheres que querem quebrar a tradição no Japão.
Fechamento
Na parte final, o filme encaminha o romance entre Hinako e Sonoike, o gerente de marketing da empresa da irmã, e único homem íntegro da estória. Esse desfecho otimista, em que a mais pura entre as três protagonistas alcança finalmente a felicidade junto ao rapaz que ela sempre amou.
Por outro lado, as outras duas irmãs passam por seus momentos de epifania, após sofrerem derrotas extremas em suas vidas. Porém, elas são mulheres de Naruse, portanto, não esmorecem. Satomi continua a empreender, mas com menor ganância. Enquanto isso, entendemos que Chisuzu escolherá seus próximos passos com mais critério.
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Ficha técnica:
Batalha das Rosas (Bara Kassen) 1950. Japão. 98 min. Direção: Mikio Naruse. Roteiro: Motosada Nishiki. Elenco: Kuniko Miyake, Setsuko Wakayama, Yoko Katsuragi, Koji Tsuruta, Toru Abe, Mitsuo Nagata, Yoko Wakasugi, Shiro Osaka.