Violência extrema com pegada pop. Não é de surpreender que Quentin Tarantino adore Batalha Real (Batoru Rowaiaru / Battle Royale). Tanto que seus filmes Kill Bill: Vol. 1 (2003) e Kill Bill: Vol. 2 (2004) trazem inegáveis elementos desse longa japonês, incluindo até a própria atriz Chiaki Kuriyama. Mas a banalização da violência, no filme de Kinji Fukasaku, possui uma intenção crítica: expor de maneira extrema a crescente violência da população jovem no Japão.
Alegoria extrema
Como alegoria exagerada desse problema, os alunos de uma classe do ensino médio são levados a uma pequena ilha desabitada, onde devem batalhar entre si, até que sobre apenas um sobrevivente. A premissa pede e o filme é sim extremamente violento. O sangue jorra com abundância nas seguidas mortes, que são contabilizadas em textos na tela conforme vão acontecendo. Com esse jogo de matar ou morrer, o enredo evidencia a desvalorização da vida, pois são colegas e até amigos que assassinam uns aos outros.
Enfim, em pouco mais de uma hora, o longa já consolida o seu posicionamento crítico. Mas o problema é que o filme dura quase duas horas. Logo, as formas de matar começam a se repetir, tirando a surpresa que marca as cenas de ação até então. Afinal, são mais de 40 alunos, um número alto demais para sustentar uma ideia cujo desenvolvimento se estagna, salvo pelo afunilamento que concentra a atenção em alguns personagens.
Alguns detratores podem enxergar nesse exercício que se torna massivo um perigoso sadismo. Sem dúvida, cabe essa crítica, mas independente disso, Batalha Real perde o fôlego e só se recupera novamente na sua conclusão, graças à presença do ator e diretor Takeshi Kitano no papel do líder desse projeto. Aliás, a cena mais forte do filme acontece na parte inicial, quando ele explica aos alunos por que eles estão ali reunidos. É quando a trama atravessa o limite entre o cotidiano e o fantástico. E esse trecho tem ainda um divertido vídeo da apresentação das regras do jogo.
Batalha Real x Jogos Vorazes
Posteriormente, surgiria em 2008 os livros “Jogos Vorazes” (The Hunger Games), escritos por Suzanne Collins, com trama muito semelhante a Batalha Real. Em seguida, em 2012, veio o primeiro filme baseado nessa obra. Comparando as produções para o cinema, a de Kinji Fukasaku é disparado o mais violento de todas. Embora seja longo demais, o filme possui um impacto avassalador.
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Ficha técnica:
Batalha Real | Batoru Rowaiaru / Battle Royale | 2000 | 114 min | Japão | Direção: Kinji Fukasaku | Roteiro: Kenta Fukasaku | Elenco: Takeshi Kitano, Tatsuya Fujiwara, Aki Maeda, Taro Yamamoto, Chiaki Kuriyama, Takashi Tsukamoto, Sosuke Takaoka, Yukihiro Kotani.